Início Brasil Precisão/Jaíba: 28 Aeronaves e Ainda Crescendo

Precisão/Jaíba: 28 Aeronaves e Ainda Crescendo

A frota do Grupo Precisão, agrupada para as fotografias. FOTO: Evoluti Marketing Digital

O bom senso disse que um empresário só deveria investir em um negócio o qual ele conheça profundamente. Assim, é comum que um empresário aeroagrícola comece sua carreira como piloto contratado, ou mesmo como técnico agrícola, para mais tarde iniciar sua própria empresa. Às vezes, com o crescimento do negócio, o piloto-empresário para de voar para se dedicar inteiramente à gestão da empresa, tornando-se empresário em tempo integral. Mas é possível que uma pessoa que nunca foi piloto se torne um empresário aeroagrícola de sucesso? 

João Gonçalves Júnior, ou “Júnior”, como é mais conhecido, a força por trás das três empresas que compõem o Grupo Precisão – Precisão Aeroagrícola, Jaíba Aviação Agrícola e Precisão Abastecimentos – é a resposta para esta pergunta. Ele nunca teve uma licença de piloto. Isso frequentemente surpreende quem conversa com ele pela primeira vez, dado que ele fala com tal conhecimento sobre as necessidades operacionais e de manutenção das aeronaves na frota da Precisão Aeroagrícola e da Jaíba Aviação Agrícola, que se tem a impressão de que ele é um piloto veterano.

Na nossa capa: a frota e o time do Grupo Precisão reunidos para uma foto no Aeroporto de Catalão. Foto: Evoluti Marketing Digital

Júnior começou sua vida profissional como funcionário de um banco na cidade de Catalão, Goiás, bem no coração da região agrícola do Brasil. Com espírito empreendedor, nos anos 1990 ele deixou o banco e começou seu primeiro negócio, um posto de combustíveis. Era a época em que o boom agrícola estava começando na região, e vários produtores se tornaram clientes de Júnior, comprando combustível a granel para suas fazendas. Quando as primeiras empresas aeroagrícolas começaram a se estabelecer na região, elas também passaram a comprar combustível para seus veículos com Júnior, e logo Júnior estava indicando essas empresas para seus clientes produtores que precisavam de aplicações aéreas. 

A equipe do Grupo Precisão, reunida para a câmera do drone. Foto: Evoluti Marketing Digital

Em 1996, Júnior se aproveitou desta sua rede de contatos para trabalhar como coordenador para a Tangará Aeroagrícola de Carlito Magalhães, a qual estava operando na região de Catalão naquela época. 

Com essa experiência, em 2000 Júnior criou a Precisão Aeroagrícola  em Catalão com Emílio Ricardo Pires e outros sócios, começando com um Cessna Agtruck e dois Gippsland GA200 (um avião inspirado no Pawnee e fabricado na Austrália nos anos 1990 – leia mais sobre ele nesta edição). Graças ao relacionamento de Júnior com os produtores da região, a empresa cresceu rápido; em 2002, eles compraram quatro Thrushes radiais de uma empresa que havia fechado no Rio Grande do Sul. E de 2007 a 2015, a Precisão comprou um Ipanema novo a cada ano. 

Em 2010, Júnior comprou as participações dos outros sócios na empresa e se tornou o único proprietário da Precisão Aeroagrícola. E em 2012, a Precisão comprou seu primeiro avião a turbina, um Air Tractor AT-502B seguido por um segundo AT-502B em 2013 

Naquele mesmo ano de 2013, Júnior voltou às suas raízes no negócio de combustíveis, porém na área de aviação, criando a Precisão Abastecimentos no Aeroporto de Catalão (SWKT), vendendo querosene de aviação e avgas para produtores que operam suas próprias aeronaves e para a aviação executiva. As instalações da Precisão Abastecimentos no Aeroporto de Catalão agora servem como sede do Grupo Precisão, o qual adquiriu o seu terceiro negócio em 2014, quando o Júnior comprou a Jaíba Aviação Agrícola. Uma empresa originalmente fundada em 1974 na cidade de Andirá, Paraná, após adquiri-la Júnior a mudou para Tupaciguara, em Minas Gerais. Também em 2014 Júnior comprou um PZL-Mielec M-18B Dromader de um produtor agrícola.

João Gonçalves Júnior na frente da sede do Grupo Precisão no Aeroporto de Catalão.

Após a aquisição da Jaíba aviação agrícola, a frota de ambas as empresas foi consolidada para a maior flexibilidade de operação; todas as suas aeronaves estão registradas no RAB – Registro Aeronáutico Brasileiro – como sendo operadas tanto pela Precisão como pela Jaíba

E como sua clientela continuava crescendo, de 2018 a 2024, a Precisão Aeroagrícola comprou seis Air Tractors! Todos eles foram adquiridos da AgSur Aviones. Estes aviões de maior porte foram necessários para atender as necessidades dos maiores clientes da Precisão/Jaíba, dado que a maioria de seus clientes varia de médios a grandes produtores.

Mais recentemente, a Precisão se juntou ao pequeno clube de operadores de helicópteros aeroagrícolas no Brasil, ao acrescentar um Robinson R44 à sua frota. Júnior pretende usar o Robinson para tratar áreas pequenas e/ou com tantos obstáculos que até um Ipanema teria dificuldades para voá-las, de forma que estes clientes não precisem recorrer a um drone ou a um pulverizador terrestre. 

Assim, atualmente a frota da Precisão/Jaíba está composta da seguinte forma: 17 Ipanemas – dois EMB-201s, três EMB-201As, nove EMB-202As e três EMB-203 – seis Air Tractors AT-502B, um Air Tractor AT-402A, um Air Tractor AT-402B, um Thrush 510P, um PZL-Mielec M18B Dromader e um Robinson R44. Esta variedade de aeronaves garante que a Precisão/Jaíba sempre pode usar a opção mais adequada para atender as necessidades de seus clientes. 

O Thrush 510P e dois Ipanemas da Jaíba Aviação Agrícola na base de Tupaciguara, Minas Gerais. Foto: Evoluti Marketing Digital

Para apoiar a operação destas aeronaves, a Precisão/Jaíba tem 20 caminhonetes e oito caminhões, estes para as aeronaves a turbina. Além disso, a empresa tem dois caminhões-tanque, um de 23.000 litros e outro de 15.000 litros, para transportar combustível para as bases operacionais da empresa.

As aeronaves agrícolas do Grupo Precisão operam a partir de cinco bases principais: um aeródromo privado em Catalão, além de Campo Alegre de Goiás e Goiatuba, todos em Goiás; Tupaciguara em Minas Gerais e Guaíra no estado de São Paulo. As aeronaves do Grupo só vão para a sede principal no Aeroporto de Catalão para realizar manutenção na oficina própria da Precisão, e em ocasiões especiais, como quando elas foram fotografadas para nossa capa.

Esta dispersão geográfica é resultado da fidelidade dos clientes da Precisão/Jaíba. Júnior diz com orgulho que ele nunca precisou procurar por clientes – todos os seus novos clientes vêm a ele indicados pelos clientes mais antigos. À medida em que seus clientes se mudam ou passam a plantar em outras regiões, eles não apenas pedem a Júnior para que passe a atende-los nestas novas áreas, mas também indicam os serviços da Precisão/Jaíba para seus vizinhos. Júnior faz questão de cuidar ele mesmo do relacionamento com seus clientes.

Flexibilidade é uma característica da Precisão/Jaíba, assim suas aeronaves frequentemente mudam de uma base para outra, para pistas de clientes e para outras localidades, conforme o serviço demandar. E tudo isso é controlado por Júnior; apesar de ter três coordenadores, um em Campo Alegre de Goiás, um em Goiatuba e outro em Guaíra, “todos os três se reportam para mim”, como diz Júnior. Além disso, é comum que pilotos relatem situações diretamente para Júnior; seu celular nunca para! 

O Robinson R44 – aqui com seu equipamento agrícola removido – demonstra o compartilhamento de frota da Precisão/Jaíba, exibindo em um lado o logotipo da Precisão e no outro o da Jaíba.

Ajudam a lidar com o dia-a-dia de uma operação deste porte os dois “braços direitos” de Júnior: sua filha Isabela Gonçalves, engenheira agrônoma que auxilia Júnior na supervisão de todas as aplicações através dos relatórios gerados pelos GPS das aeronaves, e Claudenir Morales de Souza, responsável pelo setor de compras, o qual garante que todo o material necessário para o bom funcionamento das empresas – combustível, peças de reposição, etc. nunca falte. 

Embora nunca tenha sido um piloto, Júnior faz pessoalmente a seleção de todos os pilotos empregados pela Precisão/Jaíba. Todos os pilotos que ele seleciona para voar os aviões a turbina passam por treinamento de transição na AgSur Aviones. O fato de que a Precisão/Jaíba nunca teve um acidente com piloto lesionado prova que o sistema de seleção de Júnior funciona.

Antes da safra agrícola, na época de seca em julho, agosto e setembro, os aviões à turbina da Precisão/Jaíba, equipados com comportas e respiros de hopper para combate ao fogo da Zanoni, trabalham em contratos para combate a incêndio em áreas privadas. Após isso, a safra agrícola da Precisão/Jaíba começa em outubro e segue até abril. Em outubro e novembro, voa-se feijão (20% do total) e um pouco de cana-de-açúcar. De dezembro a março, cana-de-açúcar, milho e soja (30% do total) são tratadas, sendo que em abril se voa apenas milho e cana-de-açúcar. A Precisão/Jaíba também trata um pouco de algodão (3% do total), enquanto que a cana-de-açúcar representa 40% dos trabalhos, com o milho completando os restantes 7% das aplicações.

Alguns dos seis Air Tractor AT-502B da Precisão Aeroagrícola. Foto: Evoluti Marketing Digital

Cerca de 80% das aplicações são de líquidos. Para os 20% de aplicações de sólidos, são utilizados difusores Swathmaster da STOL, enquanto que bicos hidráulicos STOL são usados para a quase totalidade das aplicações de líquidos, realizadas a 30 litros/hectare. Outras vazões só são usadas se exigido pelo cliente. Alguns dos aviões da frota tem equipamentos agrícolas da Travicar, outros da Zanoni. Os Air Tractor tem unidades GPS da Ag-Nav, enquanto que os Ipanemas são equipados com GPS Travicar.

Com mais duas aeronaves sendo acrescentadas à frota este ano – um Air Tractor AT-502B e dois Ipanemas EMB-203 – é evidente que o potencial de crescimento da  Precisão Aeroagrícola e da Jaíba Aviação Agrícola ainda não se encerrou. João Gonçalves Júnior demonstrou claramente que a chave para o sucesso de uma empresa aeroagrícola é a satisfação do cliente, dado que o seu crescimento se baseia em clientes estabelecidos recomendando o seu serviços para novos clientes. Este sucesso também responde a pergunta no início do artigo: você não precisa ser piloto para se tornar um empresário aeroagrícola de sucesso.

Um dos Ipanemas da Precisão Aeroagrícola passando por manutenção na oficina da empresa.
A base operacional da Precisão Aeroagrícola Catalão, Goiás. Foto: Evoluti Marketing Digital
A base da Jaíba Aviação Agrícola em Tupaciguara, Minas Gerais. Foto: Evoluti Marketing Digital
João Gonçalves Júnior (esq.) e Claudenir Morales the Souza junto à “frota” de miniaturas presenteadas à Júnior quando da entrega dos aviões.
Isabela Gonçalves, a engenheira agrônoma da empresa, supervisiona todas as operações de aplicação aérea.
O PZL-Mielec M18B Dromader da Precisão, no hangar da empresa no Aeroporto de Catalão.
O Thrush 510P da Precisão efetuando um lançamento durante operação de combate ao fogo. Foto: Grupo Precisão
As aeronaves a turbina são apoiadas no campo por caminhões, enquanto que picapes de caçamba estendida transportam todo o equipamento necessário para apoiar os aviões a pistão. Foto: Evoluti Marketing Digital
Exit mobile version