William “Bill” Reynolds “nasceu e se criou no negócio de controle de vetores”, como ele conta. Com formação acadêmica em ciências da computação e em marketing, Bill desde cedo trabalhou desenvolvendo tecnologias para aumentar a eficiência do controle de mosquitos, como funcionário de uma empresa chamada ADAPCO, Inc., chegando a se tornar sócio nela. Por fim, ele vendeu sua participação naquela empresa e em 2007 fundou uma empresa chamada Leading Edge, oferecendo à comunidade de controle de vetores soluções em gerenciamento de dados geoespaciais, análise de espectro de gotas, sistemas de direcionamento GPS, equipamento de pesquisa e gerenciamento de aplicações em UBV, entre outras.
Em 2012, mais ou menos na época em que drones para aplicações aéreas começaram a aparecer no mercado, Bill imediatamente viu seu potencial para aplicações de controle de vetores. Ele começou experimentando com modelos de drones disponíveis no mercado, mas logo se desapontou com suas limitações.
Assim, em 2014, em paralelo à Leading Edge, Bill fundou uma segunda empresa chamada Leading Edge Aerial Technologies (LEAT), para projetar e produzir Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) para aplicações em controle de vetores e de defensivos agrícolas, com base em seus muitos anos de experiência na área.
Projetados com Experiência em Primeira Mão
Levou três anos para que a LEAT vendesse seu primeiro drone, um modelo chamado PV13 por conta de sua carga útil de 13 libras (5,9 kg), em 2017. Esta primeira unidade de série está em operação até hoje. Enquanto isso, a LEAT estava trabalhando diretamente com a FAA (a ANAC dos EUA) para se tornar a primeira empresa nos Estados Unidos a receber certificação para executar aplicações de produtos para controle de vetores e de defensivos agrícolas e de reflorestamento com drones.
Sim, a Leading Edge Aerial Technologies não apenas projeta, fabrica e vende drones mas também os opera, executando aplicações comerciais para produtores e para agências de controle de vetores, e tirando vantagem dessa experiência em primeira mão para aprimorar o projeto de seus produtos. Bill acredita que a LEAT é a empresa operadora de drones com o maior número de hectares pulverizados nos Estados Unidos até hoje. Atualmente a Leading Edge Aerial Technologies tem sete pilotos de drones operando para clientes: três na Flórida, um no Arizona e três na Califórnia.
Atualmente, dois modelos de drones são oferecidos pela Leading Edge Aerial Technologies. O PrecisionVision 35X, ou PV35X, Carrega 25 libras (11,3 kg) de produto, seja de sólidos granulados ou de líquidos, enquanto que o PrecisionVision 40X, ou PV40X, tem capacidade para 40 libras (18,1 kg). Ambos os modelos PV35X e PV40X são projetos similares, hexacópteros (drones com 6 rotores) com o que a LEAT chama de Sistema de Carga Útil Intercambiável, os quais são sistemas de aplicação modulares que usam hoppers diferentes para produtos granulados (como larvicidas para controle de mosquitos) e para líquidos, os quais podem ser trocados no campo em cerca de 10 minutos. Como um avião agrícola, eles também usam barras diferentes para diferentes aplicações. Há uma barra com atomizadores rotativos Micronair para aplicações em ultra baixo volume de adulticidas, para controle de vetores, e outra com bicos hidráulicos TeeJet para aplicações de líquidos em vazões de até 50 litros por hectare.
Como a Leading Edge, a “empresa-mãe” da LEAT, trabalha com análise de deposição, um grande cuidado e muitos testes foram feitos durante o projeto dos sistemas de aplicação dos drones da LEAT, para garantir a melhor deposição dos produtos. O sistema para sólidos granulados usa um difusor rotativo que pode produzir uma faixa de até 30 metros, quando aplicando larvicidas. Para o controle de mosquitos adultos, uma barra com dois atomizadores rotativos Micronair elétricos é utilizada, a qual pode produzir uma faixa de até 150 metros, enquanto que para outras aplicações de líquidos, a barra com bicos TeeJet pode gerar uma faixa de até 6,4 metros (7 metros no PV40X). É claro, estas são as faixas máximas; o uso de faixas menores pode ser necessário dependendo de características do produto, das necessidades de aplicação e dos volumes aplicados.
Outra vantagem de se usar uma barra ao invés de se colocar os bicos sob os rotores, como outras fabricantes fazem, é que a barra nos drones da LEAT foi cuidadosamente posicionada para evitar os vórtices dos rotores, os quais em algumas situações podem lançar o spray acima do drone, banhando-o com o produto e aumentando o potencial de deriva – o que nunca é bom. Apesar disso, os drones da LEAT são construídos com resistência à água, de modo que eles podem ser lavados com uma mangueira, à exceção dos sensores anti-colisão, os quais requerem um procedimento de limpeza mais delicado.
A Leading Edge Aerial Technologies terceiriza a produção das partes de fibra de carbono em seus drones, tais como os braços dos motores, assim como os seus motores elétricos. Estes são motores elétricos de nível profissional, garantidos para 2.200 horas de operação. Bill diz que os drones da LEAT nunca tiveram uma pane de motor elétrico.
Todo o hardware do controle de voo dos drones da LEAT é feito nos Estados Unidos ou em países constantes da “lista azul” do Departamento de Estado americano, enquanto que seu software é todo escrito pela equipe da LEAT. Assim, seus drones podem ser usados por agências governamentais dos Estados Unidos, ao contrário de drones fabricados nos países considerados “países preocupantes” pelo Departamento de Estado dos EUA.
Os drones da LEAT têm um sistema anti-colisão baseado em lasers (LIDAR), usando radar apenas em sua função de acompanhamento de terreno, para manter altura constante. Isso significa que os drones da LEAT podem ser operados com segurança próximos à redes elétricas, ao contrário de outros sistemas que usam sistemas anti-colisão baseados em radar, os quais são sujeitos a interferências pelo intenso campo de energia das redes de transmissão. Além disso, os drones da LEAT transmitem vídeo de “visão do piloto” para seu controlador, o Ground Control Station. Se o piloto do drone decide que o sistema anti-colisão está sendo “arrojado demais”, ele pode assumir o controle, desviar do obstáculo manualmente e retomar o controle automático do voo.
O robusto Ground Control Station (GCS), ou Estação de Controle de Solo, é um equipamento com hardware projetado especificamente, não um celular ou tablet reaproveitado, e é fabricado nos EUA. O piloto do drone pode importar e exportar mapas de polígonos a ser tratados a partir de qualquer software GIS (Geographic Information System – Sistema de Informações Geográficas) através de um cartão de memória, ou num aperto, caminhar em torno da área usando o GPS embutido no GCS para plotar os pontos do polígono. O piloto então seleciona um dos padrões de voo disponíveis – grade de polígono, caminho definido ou mesmo tratamento de pontos selecionados – insere a largura da faixa, velocidade no solo, altura de voo, proa e pontos de entrada e saída do polígono, e o sistema de voo autônomo se encarrega do resto.
Os drones PrecisionVision são energizados por um conjunto de duas baterias fabricadas por uma empresa sediada nos EUA, especialmente para a LEAT. Bill Reynolds destaca que graças a recentes avanços em tecnologia de baterias, os quais as tornaram mais baratas e mais capazes, apenas cinco conjuntos de baterias e um gerador de 9 KVa são necessários para manter um drone da LEAT trabalhando continuamente. Ao contrário de outros drones, que frequentemente têm de retornar para trocar baterias antes de terminar suas cargas, os drones da LEAT geralmente terminam suas cargas antes de esgotar suas baterias.
Uma van pequena pode carregar todo o necessário
para operar um PV35X ou um PV40X no campo.
Drone-no-Caixote
Os drones da LEAT são enviados aos clientes em um caixote, completamente montados e prontos para voar; tudo o que o piloto precisa fazer é abrir os braços dos motores e os rotores antes de iniciar sua operação. Apesar da simplicidade deste conceito de “Drone-no-Caixote”, como Bill o chama, a Leading Edge Aerial Technologies fornece um curso de três dias para o comprador de um novo drone, para que ele possa tirar o máximo de seu investimento. Este curso também está disponível para terceiros, como novos colaboradores de uma empresa operadora de drones ou o comprador de uma unidade de segunda mão.
Complementares, Não Concorrentes
Bill Reynolds entende bem o negócio de aplicação aérea, tanto que ele associou a Leading Edge à NAAA – o Sindag dos EUA – de modo a participar da comunidade de aplicação aérea. Sendo assim, ele sabe que drones, mesmo os de maior porte sendo desenvolvidos agora, não tem como competir com aviões agrícolas em produtividade, especialmente nas áreas maiores. Mas todo o operador de vez em quando tem de dispensar um cliente em potencial porque sua lavoura é muito pequena para um avião operar com lucro. Ou pior, ele encara a necessidade de pulverizar uma lavoura destas apenas para manter um bom cliente satisfeito. Frequentemente, estas lavouras além de não serem lucrativas para um avião agrícola, são também perigosas, cercadas de redes e obstáculos.
Operar um drone em complemento à uma frota de aeronaves agrícolas convencionais soluciona este problema, podendo até permitir a um empresário aumentar sua base de clientes, acrescentando a ela clientes com lavouras pequenas de uma forma lucrativa. E julgando pelo que conta Kelley Wittenberg, responsável por vendas técnicas da Leading Edge Aerial Technologies, é exatamente isso que alguns operadores progressistas estão fazendo. Conforme Kelley, dois terços dos drones da LEAT são comprados por empresas aeroagrícolas já certificadas sob a Parte 137 pela FAA. Dado que as exigências da FAA para certificar uma empresa para operar drones agrícolas são as mesmas de uma empresa aeroagrícola que opera aviões, é mais fácil começar a operar drones se você já tiver uma empresa aeroagrícola estabelecida. Mas se um cliente da LEAT ainda não estiver certificado sob a Parte 137, a LEAT irá ajudá-lo na burocracia para obter esta certificação junto à FAA.
Drones agrícolas certamente se tornarão mais e mais comuns, à medida em que novos regulamentos e bulas de produtos forem escritos para eles. Um operador aeroagrícola já estabelecido, que acrescente um drone à sua frota de aeronaves, será capaz de oferecer este serviço a seus clientes quando ele for demandado, ao invés de vê-los procurá-lo em outra empresa. E ao comprar um drone fabricado nos Estados Unidos, como os drones feitos pela Leading Edge Aerial Technologies, uma empresa irá se tornar elegível para contratos com agências governamentais, além de proteger os empregos e a economia americana.