Após nossa matéria sobre pilotos agrícolas se dedicando a escrever livros (AgAir Update de maio de 2023), encontramos mais um piloto agrícola que se tornou autor, o Cmdt. Francisco Renato Wisniewski do Prado.
Piloto agrícola e de linha aérea, com um extenso currículo acadêmico – mestre em avaliação de impactos ambientais, graduação no curso superior de tecnologia em segurança no trabalho pela Universidade Luterana do Brasil e pós graduação lato sensu em docência no ensino superior entre outros cursos, Agente de Segurança de Voo com experiência em investigações de acidentes aeronáuticos e hoje aposentado, mas ainda atuando como instrutor em um simulador de Boeing 737-800, o Cmdt. Prado também se dedicou ao registro histórico em quatro obras: “Etnias do RS”, “Del Prado: Uma família da Galícia espanhola no pampa gaúcho”, “Águia Polonesa” e “Centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul”. Como os dois primeiros não tratam de assuntos relacionados à aviação, apenas os dois últimos serão resenhados aqui.
“Centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul” é o minucioso relato da travessia do Atlântico pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, entre abril e junho de 1922. Ao contrário de Lindbergh, tiveram de fazê-lo em várias etapas, por ser o percurso Lisboa-Rio de Janeiro que fizeram bem mais longo do que o Nova Iorque-Paris de Lindbergh, e devido à menor autonomia e velocidade do hidroavião Fairey F-III escolhido para a empreitada. Enfrentaram várias adversidades, inclusive tendo de substituir o hidroavião Fairey por outro, após perder um de seus flutuadores ao pousar no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. No entanto, este voo até hoje é celebrado pelo uso de um revolucionário sextante com horizonte artificial inventado por Gago Coutinho, para permitir a navegação pelos astros, sendo neste aspecto até mais avançado do que o voo de Lindbergh, que se valeu apenas de bússola e derivômetro.
“Águia Polonesa” resgata a pouco conhecida história dos voos do capitão Stanisław Jakub Skarżyński, militar polonês que, após ser considerado inapto para o serviço militar por conta de um ferimento em uma perna recebido na Guerra Polono-Soviética de 1919-1921, decidiu criar asas. Após se tornar piloto, Skarżyński realizou dois grande “reides”, como eram chamados na época, os voos de longa distância efetuados em várias pernas: um pela África, partindo de Varsóvia, em 1931, juntamente com o tenente Andrzej Markiewicz e outro em 1933, no qual voou sozinho de Varsóvia até Buenos Aires, em um monomotor RWD-5bis muito parecido com os “Paulistinhas” em que tantos de nós aprendemos a voar, com um motor De Havilland Gipsy Major de 130 HP e um tanque de combustível adicional no local do assento traseiro. A travessia do Atlântico nesta aeronave marcou um recorde até hoje não superado de distância para aeronaves de menos de 450 kg, além de ser o RWD-5bis do capitão Skarżyński considerado o menor avião a ter cruzado o Atlântico até hoje.
Ambos os livros são fruto de extensas pesquisas históricas feitas pelo autor, com pitorescos relatos das circunstâncias em que estes voos foram realizados e fartamente ilustrados com fotos da época. São uma valiosa aquisição para a biblioteca de quem quer que se interesse pela história da aviação. Estas obras podem ser adquiridas diretamente com o autor, através do e-mail skysafe@gmail.com