Número apontado pelo Sindag deve aumentar até outubro, mas dados preliminares da entidade apontam que pelo menos 50 empresas aeroagrícolas colocaram aviões na luta para proteger reservas naturais e lavouras nesta temporada
Segundo levantamento preliminar do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, somente entre o início de julho e o final de agosto as aeronaves do setor já haviam lançado pelo menos 15,8 milhões de litros de água contra focos de incêndio nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Principalmente no Pantanal – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. Em operações que envolveram cerca de 30 aviões agrícolas atuando para órgãos oficiais e produtores rurais.
Números parciais de uma sondagem definitiva programada para final de outubro, quando devem voltar as chuvas. Isso se o tempo seco nas áreas de incêndios, que normalmente vai até setembro, não se alongar pelo mês seguinte.
Enquanto isso, vale lembrar que dos quase 16 milhões de litros de água no saldo até agora, mais 90% (14,38 milhões de litros) foram lançados contra focos de incêndio no Pantanal – no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Envolvendo 17 aeronaves – contratadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelos governos dos dois Estados. Neste caso, no apoio aos mais de 200 brigadistas e bombeiros que fazem o combate em solo.
ESTADOS
Em São Paulo, outros pelo menos 11 aviões agrícolas somaram cerca de 760 mil litros de água empregados no combate a incêndios em lavouras e áreas de preservação. Especialmente contra os focos registrados no final da última semana, em várias partes do Estado. Neste caso, com aeronaves acionadas tanto pelo governo do Estado quanto por usinas.
Isso além das brigadas aéreas de combate a incêndio mantidas por empresas aeroagrícolas de Goiás. Onde cerca de 540 mil litros já foram lançados contra chamas em lavouras (especialmente áreas de palhada de milho) e reservas ambientais nas propriedades. Em operações envolvendo 15 aviões.
Conforme o diretor-operacional do Sindag, Gabriel Colle, já se trabalha com a expectativa do número final ficar consideravelmente maior. Isso porque, desde essa conta inicial, o Sindag já havia relacionado até setembro cerca de 50 empresas de aviação agrícola operando contra chamas nesta temporada no País. Inclusive na Amazônia e em outros Estados que não haviam aparecido no levantamento primário.
A última vez que o Sindag fez esse levantamento (realizado através de contatos com uma por uma das empresas) foi sobre as operações de 2021. Naquele ano, aviões de empresas aeroagrícolas de todo o País haviam feito 10,9 mil lançamentos de água contra chamas, somando 19,5 milhões de litros de água empregados em 4 mil horas de voos contra incêndios.
Trabalho em equipe
Nas operações aéreas contra incêndios, cerca de 90% do trabalho é feito em parceria com brigadistas em solo. Com o líder da equipe em terra solicitando apoio aéreo e coordenando com o piloto como é feito o lançamento. Em grandes incêndios, a função do avião normalmente é reduzir o fogo – diz-se normalmente que o avião “tira a energia” do incêndio, para que os brigadistas possam eliminar os focos com segurança.
Aviões agrícolas operam sozinhos quando os focos estão em áreas de difícil acesso, como encostas ou terrenos acidentados. Quando há urgência de fazer um corredor de fuga para a fauna cercada pelas chamas, ou quando não há equipe perto e é preciso segurar ou tentar eliminar a linha de fogo com mais lançamentos de água. Neste caso, por exemplo, em fazendas com fogo perto das casas ou instalações.
Sindag lançou campanha sobre o tema
O trabalho do setor aeroagrícola na proteção de pessoas, biomas e lavouras contra as chamas foi o foco da campanha Aviação Agrícola no Combate a Incêndios, promovida em setembro pelo Sindag em suas redes sociais. Durante todo o mês, a entidade teve uma sequência de postagens de cards no Instagram, além de material no LinkedIn e podcasts.
O objetivo foi esclarecer o público sobre esse trabalho feito pela aviação agrícola. Lembrando desde os anos 1960 a legislação brasileira coloca o combate a incêndios em campos e florestas entre as prerrogativas do setor aeroagrícola. E pelo menos desde a década de 1990 pilotos e aeronaves agrícolas estão presentes todos os anos nas operações para proteção dos principais biomas brasileiros contra as chamas.
Para completar, em 2022 o País ganhou uma Lei Federal incluindo os aviões agrícolas nas políticas de governo para o combate aos incêndios florestais. No caso, a Lei 14.406, sancionada em 2022 e que ainda falta sair do papel. A nova norma havia sido proposta em 2020, pelo então senador Carlos Fávaro (PSD/MT), hoje ministro da Agricultura.