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Aurora Aviação Agrícola: União de Experiências

Keila Brunetta e Iran Brandolt com um de seus Air Tractor AT-402B, o qual foi comprado novo e registrado PR-KEY para homenagear os entes mais queridos de Iran - sua esposa Keila, sua filha Elisa e o filho Yuri.

O gaúcho do Alegrete Iran Brandolt da Silva jamais imaginaria o quanto a sua vida iria mudar quando conseguiu um emprego para voar um Ipanema na Itaquerê Aero Agrícola, em Deciolândia, uma pequena cidade do Mato Grosso, em sua segunda safra. Iran tinha voado antes uma safra de arroz no Alegrete, depois de fazer seu CAVAG na Aero Agrícola Santos Dumont, em 1999. Na Deciolândia, ele viria a conhecer Keila Brunetta, cuja família operava a Itaquerê Aero Agrícola, e após o final daquela safra eles se casaram.

Após se casarem, Iran voltou para o Alegrete com sua esposa, onde voou duas safras de arroz. Mas eles sabiam que o futuro da agricultura brasileira – e deles – estava no centro-oeste do Brasil. Assim, eles voltaram para o Mato Grosso, onde Iran voou para uma empresa em Primavera do Leste, Porto Alegre do Norte e Sinop até 2006, quando passou a voar um Air Tractor AT-402 para uma fazenda em Diamantino.

Além de voar para a fazenda, a entressafra de 2008 Iran fez um curso de combate a incêndios com Astor Schlindwein em Botucatu, e após isso voou em contratos para combate à incêndios até 2012.

Em 2010, a sra. Terezinha Brunetta, a mãe de Keila, decidiu fechar as portas da Itaquerê Aero Agrícola e sua base em Deciolândia, completa com hangar e pista privada, ficou ociosa. Com isso, em 2013, Iran e Keila decidiram que era hora dele parar de voar para a fazenda e juntarem suas experiências –  a dela, administrando uma empresa com sua família e a dele, como piloto agrícola – e fundaram a Aurora Aviação Agrícola em 2013.

Eles compraram um Ipanema 202 usado da Rambo Aviação Agrícola e começaram a operar da mesma base onde se conheceram, quando Iran voou sua primeira safra. Com seu conhecimento da região e de seus produtores, a Aurora Aviação Agrícola teve um rápido crescimento, e já em 2015 eles adicionaram um Air Tractor AT-502 usado à frota da empresa. Iran atuava como coordenador e piloto do AT-502, e Keila tomava conta das tarefas administrativas e financeiras. Em 2018, em parceria com um produtor local, eles compraram um  Air Tractor AT-402B novo da AgSur Aviones, e em 2019 acrescentaram outro Ipanema 202 usado à sua frota. Finalmente, em 2023 eles compraram mais um Air Tractor, um AT-402B usado, também adquirido da AgSur Aviones.

Neste meio tempo, Iran e Keila também fizeram grandes melhoramentos nas instalações da base de Deciolândia. Eles construíram um segundo hangar, um novo escritório e um novo refeitório, e em 2020 durante a pandemia de Covid-19, asfaltaram 900 metros da pista de 1.300 metros original. 

Os aviões da Aurora tratam principalmente soja (40%), algodão (25%) e milho (20%), com algumas aplicações em pastagens (10%) e eucalipto (5%). A maior parte das aplicações são feitas em volumes inferiores a 15 litros por hectare, com o uso de atomizadores rotativos Micronair AU-5000. Muitas das aplicações em líquidos são feitas em ultra baixo volume, geralmente a 1 lt/ha, 2 lts/ha ou 5 lts/ha. Quando solicitado pelo cliente, vazões mais elevadas são pulverizadas com bicos Transland CP11TT. A Aurora Aviação Agrícola ocasionalmente realiza algumas aplicações incomuns, como inseticidas em pastagens com árvores de espécies protegidas; estas são realizadas a 40 litros por hectare, dado que o avião frequentemente tem de voar acima da copa das árvores. Todos os aviões da Aurora têm unidades GPS da Ag-Nav com fluxômetros e equipamento agrícola Zanoni, com exceção de um que tem equipamento Travicar.

As hélices com pás pintadas de branco são uma marca registrada dos aviões da Aurora. Observe a solução simples, barata e efetiva para proteger a barra de luzes Ag-Nav dos elementos –  uma bacia plástica fixada com cordas elásticas. 

Entre 10% e 12% das aplicações da Aurora Aviação Agrícola são de sólidos – semeaduras de cobertura e fertilizações com boro ou ureia –  realizadas com Swathmasters da STOL. Uma vez, Iran foi solicitado a aplicar 380 kg de ureia por hectare no milho; ele precisou fazer três passagens por faixa para atingir este volume! 

Para estas aplicações de sólidos, um dos caminhões de apoio da Aurora é dotado de Munck para agilizar o carregamento. A Aurora Aviação Agrícola costumava usar caminhonetes para apoiar os Ipanemas e caminhões para os Air Tractors, mas visando uma maior flexibilidade, eles estão padronizando a frota de apoio com caminhões.

A Aurora Aviação Agrícola opera virtualmente o ano todo, dado que após a safra usual do Mato Grosso, de outubro a maio, um de seus Air Tractors é transladado para o estado de Roraima, onde as estações são invertidas por ele estar situado no hemisfério norte. Lá ele opera em uma grande fazenda com três pistas agrícolas até setembro, quando retorna para o Mato Grosso. No Mato Grosso, a Aurora Aviação Agrícola voa majoritariamente para clientes na região de Deciolândia. Alguns clientes são tão próximos que é possível avistar suas pistas logo após decolar da base da Aurora.

Apesar de sua extensa experiência de voo, hoje Iran voa muito pouco, geralmente áreas pequenas em um dos Ipanemas quando não há outro piloto da empresa disponível. Ele prefere se focar em coordenar e administrar a empresa junto com Keila. O casal trabalha muito unido, dividindo todas as decisões  da empresa, que eles descrevem como sendo “uma empresa pequena, familiar, querendo ganhar espaço no mercado privilegiando a qualidade, pontualidade e eficiência”. A Aurora Aviação Agrícola  tem uma base de clientes fiéis, muitos deles anteriormente clientes da Itaquerê Aero Agrícola. Como Keila diz, “nós buscamos entrar na porteira do cliente como parceiros”, considerando ser este o motivo da empresa estar há tantos anos no mesmo local.

Iran e Keila planejam juntos o futuro da Aurora Aviação Agrícola. Eles recentemente visitaram a fábrica da Air Tractor em Olney, Texas, para ver o que a Air Tractor está preparando para oferecer a seus clientes futuramente. Eles não descartam adotar drones para complementar sua frota de aviões agrícolas em pequenos serviços. Iran diz que a parte mais difícil em fazer a empresa crescer é o fator humano – encontrar bons profissionais para contratar. Ele lidera por exemplo, participando de cursos de segurança de voo e qualidade de aplicação para inspirar os pilotos da Aurora a fazê-lo .

Com referência aos desafios hoje enfrentados pela aviação agrícola, Iran Brandolt diz que “quem tiver equipamento adequado à necessidade do agricultor, conhecimento e qualidade vai permanecer nesse setor”. Ele e Keila Brunetta são otimistas quanto ao futuro da Aurora Aviação Agrícola. Eles tem motivo para isso, vendo o que realizaram em apenas 11 anos, começando com um Ipanema e chegando à atual frota de três Air Tractors e dois Ipanemas.

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