Início Brasil Stilo Aviação Agrícola: Persistência e a Busca por um Novo Mercado

Stilo Aviação Agrícola: Persistência e a Busca por um Novo Mercado

Antônio Olívio Duarte Quadros, o “Vika” (esquerda), e André Oscar Schneider (direita), sócios em não apenas uma, mas em duas aeroagrícolas.

É comum que um piloto e um técnico agrícola se associem para criar uma empresa aeroagrícola. O que não é comum é que um piloto e um técnico agrícola se associem duas vezes, para criar duas empresas agrícolas! Foi exatamente isso o que André Oscar Schneider e Antônio Olívio Duarte Quadros, o “Vika” fizeram. “Vika” já era um técnico experiente em 1994 quando o André, recém saído de seu CAVAG,  começou a voar como piloto empregado na mesma empresa que ele, na cidade de Tapes, no Estado do Rio Grande do Sul. No início,  “Vika” e André não se deram muito bem, mas logo um respeito profissional surgiu entre os dois e acabou se tornando uma amizade pessoal. Essa amizade acabou por ser tão grande que, em 1999, André e “Vika” deixaram a empresa onde trabalhavam para começar a sua própria empresa com mais um sócio. Infelizmente, significativas diferenças de ideias entre André e o outro sócio levaram André a deixar a sociedade em 2008. André trabalhou então por dois anos como piloto empregado em outra empresa, até que em 2010 “Vika” deixou a sociedade original e ambos decidiram formar uma segunda empresa aeroagrícola!

Assim nasceu a Stilo Aviação Agrícola. Quando perguntado a respeito do estranho nome para uma empresa agrícola, André nos contou que quando estavam registrando a empresa na ANAC, aquela agência repetidamente recusava os nomes que eles propunham. Naquela época a Fiat ainda vendia o Fiat Stilo no Brasil, com anúncios que diziam “Stilo, ou você tem ou não tem”. Como eles “não estavam tendo” a sua nova empresa devido às recusas da ANAC em aceitar os nomes que propunham, resolveram tentar o nome Stilo Aviação Agrícola como forma de fazer graça com a situação, e acabou que foi este o nome aprovado pela ANAC!

André Oscar Schneider (em pé, à direita) e Antônio Olívio Duarte Quadros, o “Vika” (agachado, segundo a partir da direita), com a equipe de colaboradores da Stilo Aviação Agrícola.

A Stilo Aviação Agrícola começou com um Cessna Ag Truck, o qual André carinhosamente apelidou de “André Cuida das Lavouras” devido à sua matrícula PR-ACL. André voa esse avião até hoje. Após apenas um ano, André e “Vika” conseguiram comprar um segundo Cessna, um Ag Wagon, e em 2014 eles compraram um Ipanema EMB-202 novo. Esses aviões operam de uma pista homologada em Tapes (SDHX), a qual também serve de base para a empresa na qual André e “Vika” foram sócios anteriormente. A Stilo tem um hangar lá desde seu início, já que André e “Vika” não queriam perder seu sono a cada frente fria que se aproximasse, uma ocorrência frequente na região durante a safra do arroz.

A Stilo Aviação Agrícola trata principalmente arroz (cerca de 60%) e soja (cerca de 40%), com aplicações esporádicas em milho e semeaduras de culturas de cobertura. A safra da Stilo começa entre o final de agosto e o início de setembro, com aplicações de glifosato para a semeadura de arroz no plantio direto, ainda que muitos de seus clientes façam esta primeira aplicação de trator. Uma segunda aplicação de glifosato é feita quando o arroz está prestes a eclodir, no que chamam de “ponto de agulha”, esta necessariamente de avião devido à necessidade de ser feita no momento correto. Em outubro, a Stilo faz algumas semeaduras de pré-germinado – 10% dos clientes da Stilo cultivam arroz pré-germinado. Além disso, algum herbicida seletivo é pulverizado no arroz, embora a maior parte dos lavoureiros faça isso com trator, assim como também fazem de trator a primeira aplicação de ureia, que nesta região é aplicada no incrível volume de 200 kg por hectare. Entre o final de dezembro e o final de janeiro, uma segunda aplicação  de ureia é feita, dessa vez de avião, variando de 70 a 100 kg por hectare. Alguns dos clientes da Stilo aplicam fertilizante foliar no arroz, ao invés da segunda aplicação de ureia. Também alguns sojicultores usam os serviços da Stilo para pulverizar fertilizantes foliares. Da metade de fevereiro à metade de março, são feitas aplicações de fungicida, tanto no arroz como na soja. Aplicações de inseticida são feitas conforme a demanda, e após março apenas alguma semeadura ocasional de cultura de cobertura será feita até junho, quando a safra da Stilo efetivamente termina.

Para estas aplicações, a frota de aviões agrícolas da Stilo usa o Sistema de Pulverização Eletrostático da Travicar em vazões de 10 a 12 lts/ha, exceto em aplicações de herbicida, nas quais são utilizados bicos de jato cônico da Travicar, em vazões de 25 a 30 lts/ha. A Stilo padronizou os bicos de jato cônico após ter participado do programa de Boas Práticas em Tecnologia de Aplicação Aérea do SINDAG, no qual foi verificada a deposição do spray dos aviões da Stilo e concluíram que bicos de jato cônico eram os melhores bicos para as aplicações no início do ciclo das culturas tratadas pela empresa. Unidades GPS da Travicar são usadas nos aviões da Stilo.

Um empresário inteligente sempre irá procurar por mercados alternativos, e assim fizeram André e “Vika”. Bem ao lado do hangar da empresa, há um açude, para o qual os sócios costumavam comprar alevinos para criar, de uma empresa chamada Piscicultura Amorim. Um dia em 2021, o proprietário da Piscicultura Amorim comentou com André que o rio Camaquã próximo estava sofrendo pela pesca excessiva, e esforços de repopulação não funcionavam porque os alevinos largados no rio, em locais que podiam ser facilmente acessados, eram pescados antes de amadurecer e se reproduzir. André então se lembrou que a repopulação de corpos d’água com peixes pela aviação agrícola é uma das atividades autorizadas pelo Decreto-Lei nº 917 de 8 de outubro de 1969, e propôs ao proprietário da Piscicultura Amorim fazer uma experiência no açude da Stilo. André primeiro limpou cuidadosamente o hopper de seu avião e usou cal para descontaminá-lo, após o que ele foi carregado com 150 alevinos fornecidos pela Piscicultura Amorim. André disse que era muito estranho olhar para dentro do hopper e ver pequenos peixes nadando lá! André então decolou e voou sobre seu açude com um vento de proa de 10 a 15 mph, a 80 mph indicadas, e a uma altura de 2 metros, lançando os alevinos pela comporta de alijamento. Depois, eles vigiaram o açude por várias horas, procurando por qualquer alevino morto flutuando na superfície, mas tudo que conseguiam ver era alevinos nadando normalmente, o que fez do teste um sucesso!

Após este sucesso, planos foram feitos para se realizar esta operação no rio Camaquã, e todas as agências ambientais envolvidas foram informadas – dá para imaginar o que pensariam vendo um avião agrícola voando baixo e alijando algo sobre um rio! Mas foi aí que desacordos entre agências evitaram que as autorizações fossem concedidas. Esse trabalho de repopulação tem época certa para acontecer, posto que alguns peixes só se reproduzem em determinada época do ano, e até o momento não se conseguiram emitir as necessárias autorizações dentro do prazo necessário. Mas André tem confiança de que no futuro, elas serão concedidas, e quando isso acontecer, a Stilo estará pronta para incorporar essa aplicação como uma fonte extra de receita..

O livro de André Oscar Schneider, “Voar, Uma Paixão”, disponível em várias livrarias da Internet, incluindo a Amazon.com.br, Americanas.com, clubedeautores.com.br, etc.

André também é um autor; ele escreveu um livro sobre suas experiências na aviação, de seus anos de “manicaca” no aeroclube até chegar à piloto agrícola e empresário, intitulado  “Voar, Uma Paixão”, no qual ele conta essa trajetória de uma maneira muito sincera.

Com a paixão de André pela aviação, a experiência de “Vika”, e a dedicação ao trabalho e a criatividade combinada dos dois, é certo que eles terão a Stilo por muitos anos por vir!

A frota da Stilo Aviação Agrícola, exposta em frente ao seu hangar.
O pátio de descontaminação e área de carregamento da Stilo.
O “escritório” de André, com as unidades de controle do GPS e do Sistema de Pulverização Eletrostático, ambos da Travicar.
O segundo Cessna Ag Wagon da Stilo, com as barras do Sistema de Pulverização Eletrostático Travicar.
Para empresas que aplicam muito granulado, o Swathmaster Gaúcho da Transland é uma importante ferramenta de produtividade.
Você pode ver um vídeo do teste na página do Facebook da Piscicultura Amorim clicando no QR code.

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