Operar uma empresa de combate a incêndios é uma tarefa complexa, e gerenciar uma com operações em dois países é um feito que poucos conseguiram conseguem realizar. Porém é exatamente isso que Bob Chalifoux, sua esposa Lisa e dois de seus filhos têm realizado nas últimas décadas.
História
Bob Chalifoux Iniciou sua carreira aeronáutica no Canadá, progredindo até conseguir um emprego na Okanagan/Canadian Helicopters (a qual acabaria por se tornar a empresa global de helicópteros CHC, para operações em plataformas de óleo e gás). Lá ele começou a voar Jetrangers, Esquilos, Bell 212 e Sikorsky S61, e passou a conduzir trabalhos de apoio a pesquisas sísmicas, nos quais ele transportava sondas sísmicas para regiões montanhosas. Isto continuou a aumentar sua perícia como piloto graças ao complexo ambiente de voo, o que o levou a se tornar algo como um especialista na área ao longo dos anos.
Como muitas empresas, a HeliQwest foi fundada em parte na sorte, e em outra parte na experiência e na aceitação de risco. Após um desentendimento entre a empresa de pesquisas sísmicas e a Okanagan/Canadian, a empresa de pesquisa sísmicas procurou Bob diretamente, pedindo a ele que assumisse o contrato por sua conta.
Chalifoux recorreu a seu amigo Michael O’Reilly, proprietário da Eagle Copters em Calgary, dado que ele não tinha um helicóptero na época. O’Reilly arrendou a ele um Bell 205, para começar operações como empresário individual no Canadá em 1994.
As coisas avançaram rapidamente para a HeliQwest, com pedidos da empresa de pesquisa sísmica para acrescentar mais uma aeronave no ano seguinte, e de novo nos anos que se seguiram, o que resultou, após 4 anos, na empresa tendo quatro Bell 205 em sua frota, e a também obter contratos para operações madeireiras nos meses de inverno no Canadá.
Após vários anos de operação, e de muita frustração com equipes de solo não confiáveis, Chalifoux, que sempre foi um engenheiro amador, decidiu pensar em construir um sistema de baixo peso para coleta de toras, para cortar árvores a partir do helicóptero. O sistema que ele criou permitia que o piloto selecionasse uma árvore, posicionasse o sistema de coleta e a serra na árvore, desbastasse os galhos, cortasse o tronco e a removesse para a madeireira. Isto anteriormente era feito com o apoio de várias pessoas no solo. Este processo atraiu a atenção de várias empresas madeireiras, as quais viram valor na capacidade de coletar árvores em curto espaço de tempo para maximizar o atendimento às demandas de um mercado flutuante. Após várias revisões ao longo dos anos, esta invenção agora é usada em operações madeireiras de British Columbia.
Com o apoio de seu pai, o qual tinha dupla cidadania americana e canadense, Chalifoux logo criou um website para começar a procurar trabalho nos 48 estados continentais dos Estados Unidos. O primeiro contrato que ele conseguiu nos Estados Unidos foi para realizar transporte de toras com um Bell 205 em Grand Junction, Colorado, em 1996, Ele trouxe seu sistema de corte e coleta de árvores, o qual usou para demonstrar a sua eficiência aos seus clientes. Esse contrato o levou a fazer outros contratos, com empresas de construção de redes elétricas e a uma rápida expansão da empresa nos anos seguintes.
A HeliQwest, ao longo dos anos, teve bases em Montrose, Colorado, Boeing Field no estado de Washington, Provo, Utah, e Las Vegas, Nevada, antes de se estabelecer em Denver, Colorado.
Em um acaso da sorte, a empresa para qual a HeliQwest fornecia apoio em pesquisas sísmicas foi comprada por uma empresa americana. Esta empresa manteve os serviços da HeliQwest para continuar o seu trabalho nos Estados Unidos. Ela alternava o trabalho entre a empresa canadense “HeliQwest Aviation Inc.” e a americana “HeliQwest International Inc.”, a qual neste estágio agora operava 10 aeronaves nos Estados Unidos e 3 no Canadá, movimentando pilotos que também tinham dupla cidadania entre os dois países, conforme a demanda de trabalho .
Chalifoux credita o crescimento da empresa ao contínuo fornecimento do melhor serviço possível a seus clientes, nunca tendo precisado anunciar seus serviços e confiando no boca-a-boca, o que serviu bem à empresa durante suas mais de três décadas de operações em ambos os países.
Combate Aéreo a Incêndios
“Nunca paramos de mudar, desde o dia em que fundamos a empresa”, disse Chalifoux, que contou que as operações de combate a incêndios começaram na empresa no Canadá, quando suas operações de apoio a pesquisas sísmicas tinham que parar devido ao alto risco de incêndios. Felizmente para a HeliQwest, os helicópteros que faziam as pesquisas sísmicas passaram a ser contratados para combater os incêndios, levando Chalifoux a sempre manter um balde disponível nos locais de pesquisas sísmicas. Isso permitia que as aeronaves trocassem de missão, de apoio a pesquisas sísmicas para missões de combate a incêndio na modalidade por chamada, o que mantinha os helicópteros trabalhando.
Inicialmente os helicópteros operavam combate a incêndios na modalidade por chamada. Ao longo dos anos, Chalifoux passou para um mix de contratos por chamada e contratos de uso exclusivo para sua frota de Bell 205, K-Max, e recentemente os três UH-60A+ Blackhawks que a empresa adquiriu. A empresa também tem um mix de helicópteros operando com baldes e está passando para mais helicópteros com tanques internos conforme exigido. Um helicóptero operando com balde fica normalmente em um contrato de 150 dias. Em contraste, um helicóptero com tanque interno consegue mais 30 a 50 dias em um contrato na Califórnia ou no Texas.
Frota e Pessoal
Chalifoux manteve o crescimento da HeliQwest ao longo dos anos, chegando a empregar 120 pessoas entre os Estados Unidos e o Canadá. A empresa hoje opera 21 helicópteros, os quais são um mix de Bell 205, Airbus AS-350/H-125s, K-Max, e Sikorsky UH-60A Blackhawks que operam com diversos Bambi Buckets e tanques da Helitak e Isolair.
Quanto aos planos de longo prazo para a frota, Chalifoux continuará a otimizar a operação, porém permanecendo no mercado de combate ao fogo Tipo 1, e venderá algumas aeronaves no futuro, visando a uma frota nos EUA de quatro UH-60A, quatro K-Max, quatro Bell 205, e três ou quatro Esquilos B3E.
Para apoiar a frota de aeronaves, a HeliQwest tem caminhões de combustível e de apoio, bem como duas carretas especiais (chamadas de Heli-Haulers) para fazer o transporte de helicópteros por rodovia, as quais podem ser enviadas a qualquer momento para fazer o translado rodoviário de uma aeronave, reduzindo ao mínimo os custos de translado e o número de horas voadas. Estas carretas já levaram aeronaves da HeliQwest a diversos pontos dos Estados Unidos, do Canadá, e até mesmo em contratos no México.
Uma característica única das operações da HeliQwest, que a distingue de outras empresas, é o uso de um equipamento exclusivo nas operações madeireiras. Uma barcaça com capacidade para 40 pessoas é usada na costa da província de British Columbia para apoiar as operações madeireiras no inverno e na primavera. Ela é apoiada por um rebocador e por duas barcaças adicionais com capacidade para o pouso de helicópteros médios e pesados, como um K-Max ou um Sky Crane. Estas bases flutuantes também podem ser usadas em operações de combate ao fogo, se houver a necessidade, mas são primariamente usadas em operações madeireiras, podendo receber e reabastecer helicópteros, fazer a manutenção deles e acomodar toda uma equipe em locais remotos da costa central e norte de British Columbia.
Acrescentando Hawks
Nos últimos anos, a HeliQwest adicionou três UH-60A+ Black Hawks à sua frota de combate a incêndios. Cada um deles está equipado com o relativamente recente tanque expansível FT4500 fabricado pela Helitak na Austrália. Ao contrário de outros tanques externos feitos para este tipo de aeronave, eles não exigem a instalação de um esqui de pouso modificado para maior altura, como visto no S-70i Firehawk e outros modelos similares. A aeronave pode ser convertida de volta para a configuração de balde em 30 minutos, simplesmente removendo-se o tanque. Isto é muito efetivo quando se trabalha em áreas onde a água é escassa e o balde pode ser usado para recolher a água de riachos e rios próximos, onde árvores altas não são problema para um balde pendurado em um cabo longo.
Chalifoux explica que a empresa sempre operou com cargas pesadas, assim a transição para o Hawk foi uma progressão natural para a HeliQwest. “A operação com cargas pesadas sempre foi um significativo componente do que fazemos, então dissemos, vamos experimentar um desses Black Hawks!”
Isto se tornou realidade quando Bob e sua esposa estavam em Palm Springs e monitoraram várias aeronaves em um site de leilão, na época do Natal. Eles deram lances bem-sucedidos em duas das aeronaves que atualmente operam. A Arista Aviation, do Alabama, fez as alterações necessárias nas aeronaves antes de elas serem colocadas para trabalhar. Um dos Hawks serviu para garantir um contrato de cinco anos com a Divisão Estadual de Prevenção e Controle do Fogo do Colorado, bem como um contrato de cinco anos com a NAFC (National Aerial Firefighting Centre – Centro Nacional de Combate Aéreo ao Fogo) da Austrália.
Considerando o ambiente de grande altitude do Colorado e de muitas outras áreas onde suas aeronaves trabalham, Chalifoux também solicitou que as alterações feitas fossem tão leves quanto possíveis, resultando em aeronaves de baixo peso para ambientes de grande altitude e alta temperatura. Os Hawks agora dividem seu tempo entre trabalhos nos Estados Unidos e na Austrália, em suas temporadas de fogo intercaladas, trabalhando em parceria com a Touchdown Helicopters sediada em Wollongong, Austrália, durante a temporada do fogo australiana, a qual ocorre durante o inverno dos EUA.
Treinamento
Embora o treinamento varie muito, assim como as demandas de cada tipo de serviço em cada país na qual a empresa opera, Chalifoux está feliz pelo fato da empresa estar operando Hawks agora. Chalifoux declarou que eles agora podem contratar pilotos vindos do ambiente militar com grande experiência no tipo, assim o treinamento se concentra principalmente na operação de combate ao fogo. Os pilotos militares vem com milhares de horas de experiência no tipo, e só precisam ser ensinados quanto aos detalhes do combate aéreo seguro ao fogo. Isso é feito pareando-se os pilotos militares novos na empresa com pilotos de combate ao fogo veteranos que lhes dão o treinamento específico de combate ao fogo.
Instalações
A HeliQwest tem bases perto de Edmonton, Alberta, e em Nanaimo, BC, Canadá, além da sede-matriz da empresa nos EUA, localizada no Rocky Mountain Metro Airport, em Broomfield, Colorado, com uma base remota em San Diego, CA. E em Denver, a empresa possui uma oficina homologada na Parte 145 com uma cabine de pintura no estado da arte para pintar suas aeronaves.
A HeliQwest obteve um certificado de tipo englobando todos os upgrades feitos nos seus HQ-60+ para aumentar seu desempenho em condições de grande altitude, em operações de combate ao fogo e de carga pesada. A longo prazo, a HeliQwest planeja tornar este certificado de tipo disponível para outros operadores de Hawk interessados.
Dificuldades pela COVID
Uma das tarefas mais difíceis ao longo dos anos para Chalifoux tem sido manter o nível do pessoal, o que se mostrou complexo durante a pandemia de COVID devido aos fechamento de fronteiras, afetando os funcionários que trabalham em ambos os países, e os pilotos que desejavam subir para o próximo estágio de suas carreiras. A perda de funcionários qualificados para empresas concorrentes também foi uma consideração, após significativos investimentos no treinamento para aeronaves únicas como o K-Max, o qual exige um investimento de US$ 50.000 por piloto em cada curso de formação. Isso fez com que Chalifoux reduzisse a diversidade de tipos de aeronaves operados pela empresa.
Tradições Familiares
Bob e Lisa gerenciam uma empresa familiar. Dois dos seus três filhos se envolveram nos negócios da empresa. Um deles é um mecânico licenciado que agora passou a pilotar. Os melhores pilotos da empresa o estão mentorando atualmente na organização para se transferir do assento esquerdo para o direito do Black Hawk. Lisa também lida com a gestão do dia-a-dia da empresa no escritório, e Bob trabalha na sede-matriz da empresa.
A empresa é apoiada pela “EQUIPE HQ”, uma combinação de 10 gerentes e mais de 100 funcionários que vivem e respiram o laranja da HQ.
Conclusão
Enquanto Bob Chalifoux tenta enxugar a empresa para o futuro, sua mente criativa continua a inventar novas maneiras de manter a empresa bem sucedida no porvir. A empresa continuará a fornecer valiosos serviços de combate a incêndios no mercado de helicópteros, através de suas inovações no mercado de Tipo 1, garantindo a continuidade do sucesso da HeliQwest.