Você já se deparou com dias que precisariam ter mais horas para dar conta de tudo? Ou já ouviu de alguém essa expressão? Todo mundo conhece alguém que está sempre sem tempo e lotado de tarefas e prazos a cumprir.
Em um mundo cada vez mais agitado no qual somos bombardeados com diversas mensagens, notícias e informações o dia inteiro e onde todos parecem estar com pressa para chegar em algum lugar. Seja de forma literal, por diversos compromissos durante o dia, ou de forma figurada para alcançar de forma rápida uma formação, carreira e emprego dos sonhos.
Todos parecem ter pressa para alguma coisa, isso é fato.
De forma geral, a síndrome da pressa é tratada como uma condição comportamental, onde a pessoa sente que o dia é curto para completar todas as tarefas, e se por acaso “sobra tempo” durante o dia, ela acumula ainda mais atividades. Alguns dos sintomas são o estresse, irritabilidade, impaciência e tensão. Podendo ser um fator determinante para a queda da qualidade de vida e de saúde do indivíduo, e apenas uma mudança de hábitos e um autoconhecimento para identificar o problema poderá inibir seus efeitos a longo prazo.
Trazendo essa condição para aviação agrícola, podemos avaliar que durante a safra há um aumento considerado de casos parecidos, dado o aumento da carga de trabalho, onde muitos se deslocam de suas residências, passam a acordar muito mais cedo que o habitual, além da carga física de cansaço e tensão devido as atividades envolvidas.
O tempo é um fator determinante para a operação agrícola, seja o tempo como referência para o clima no momento da aplicação, seja no tempo de voo ou no tempo total do serviço. Além de ser uma operação que demanda agilidade e bom gerenciamento do tempo e tarefas, tanto do piloto quanto do ajudante. Ou seja, essa pressa é pontual.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em suas publicações de segurança operacional, já tratou do tema sobre a pressa em estudo do programa de redução de acidentes em aproximação e pousos. A chamada “síndrome da pressa” consiste na persistência de ir em direção ao destino, apesar da falta de preparação da aeronave ou piloto, seja por condições humanas ou operacionais.
Algumas situações associadas a pressa são listadas como:
• Incertezas sobre as condições climáticas no local do pouso;
• Falta de estabilização da aeronave;
• Pousos de forma precipitada;
• Pousos sem referências visuais.
Alguns exemplos associados a condição humana do piloto, como por exemplo:
• Piloto confuso, fadigado ou distraído;
• Esquecimento de referências visuais, como árvores, linhas de alta-tensão, etc;
• Checklist incompleto;
• Ansiedade para retornar a base;
• Sentimento de pressão para o término do serviço.
Todas os exemplos acima apresentam enorme perigo para a segurança de voo, podendo acarretar acidentes ou incidentes aeronáuticos. É importante sempre ressaltar que o piloto precisa estar atento e consciente de sua saúde física e mental antes de iniciar uma operação, a síndrome da pressa é real e pode ser desencadeada por situações físicas ou emocionais.
Portanto, atenção aos sintomas e procure ter uma conversa franca com a sua equipe. Caso seja identificado a “síndrome da pressa”, busque estabelecer procedimentos padrões para que em casos onde haja a necessidade de agir de forma ágil, a segurança esteja sempre presente.
Não “se apresse”, a menos que se sinta preparado e tenha o domínio da situação.
*Lembre-se que esta coluna não é escrita por profissional da saúde, seu objetivo é apresentar temas e tendências dentro da aviação agrícola para reflexão e discussão de forma saudável, caso perceba alguma situação onde seja necessário ajuda médica ou psicológica, não hesite em procurá-la.
Bons voos a todos!