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Testing the Waters

Testando as Águas

com Soluções Econômicas e Efetivas para Melhorar a Qualidade da Aplicação 

por Doug Applegate

Todo mundo tira um momento para repassar mentalmente seu planejamento antes de fazer uma aplicação de herbicida. A seleção do herbicida, o ajuste do equipamento de pulverização e o reconhecimento da área, são todos essenciais para um controle efetivo de invasoras.

Mas onde fica a qualidade da água na sua lista de prioridades pré-aplicação? Idealmente, ficaria próximo ao topo, dado o efeito prejudicial que misturar defensivos caros em água de má qualidade pode ter na eficiência do herbicida. A dureza da água, presença de bicarbonatos, sua salinidade e pH podem influenciar o quão efetivo e econômico está sendo seu combate a ervas invasoras.

“Está aumentando a conscientização de que alguns herbicidas, e o glifosato em particular, podem ter sua eficácia reduzida quando misturados em água de baixa qualidade”, diz o especialista em pulverização Tom Wolf, co-fundador do site Sprayers101.com.

Vamos explorar métodos de teste efetivos e tratamentos em um futuro artigo, então fique ligado. Mas vamos começar entendendo o que causa a má qualidade da água e como ela pode nos custar caro na eficiência da pulverização.

Misturar herbicidas em águas duras pode reduzir sua efetividade no controle de ervas invasoras. Mas o glifosato é particularmente sensível a águas duras ricas em ferro, cálcio, magnésio, potássio e íons de sódio. Os cátions de carga positiva na água dura se ligam às moléculas de carga negativa do glifosato, o que reduz a capacidade herbicida deste defensivo.

Dado que o preço do glifosato mais do que dobrou nos últimos anos, a ideia de investir mais dinheiro com menos retorno, devido à má qualidade da água, é preocupante.

“No passado, lavoureiros com problemas de dureza da água geralmente gastavam mais em glifosato e aumentavam a vazão da aplicação como solução”, diz Wolf. “Hoje os lavoureiros não podem mais arcar com esse custo, e em alguns casos, reduziram as dosagens de suas aplicações de glifosato porque ele se tornou muito caro”.

Embora alguns possam querer poupar alguns dólares reduzindo o controle das invasoras, no final das contas Wolf diz que eles poderão pagar o preço pela redução da produtividade de sua lavoura, e por problemas persistentes com ervas invasoras. “Permitir que invasoras mais fortes e mais tolerantes a herbicidas sobrevivam irá acelerar o desenvolvimento de sua resistência poligênica”, ele diz. “Isto significa que ervas subsequentes da mesma variedade se tornarão mais estabelecidas e mais resistentes aos herbicidas ao longo do tempo”.

Os problemas que a má qualidade da água podem criar não se limitam ao seu efeito nas plantas. Por exemplo, a água dura pode tornar alguns herbicidas mais difíceis de se diluir ou deixar uma goma residual no tanque do pulverizador, diz Wolf.

“Imagina que é um shampoo. Você quer fazer uma boa espuma, mas isso é difícil com uma água dura”, ele diz. “É o mesmo com a calda no seu tanque de mistura, onde uma água dura irá dificultar que se obtenha uma mistura homogênea”.

Um cenário problemático que Wolf vê é quando se mistura Liberty e Clethodim com Amigo, o ativador registrado no Canadá, em água rica em bicarbonatos. Esta combinação pode criar um resíduo oleoso.

Misturar herbicidas como glifosato em água turva, contendo partículas de argila ou outros sólidos em suspensão, também pode reduzir sua potência, além de criar sedimentos no tanque do pulverizador.

Água com pH entre 6 e 8 é boa para se usar.

A dureza total da água deve ficar abaixo de 350 ppm para aplicações de baixas dosagens de glifosato (o equivalente a um litro por hectare), e abaixo de 700 ppm para dosagens mais altas, de acordo com a Bayer.

Água com valores de eletrocondutividade (EC)  abaixo de 500 ?S/cm são consideradas boas. Para valores acima de 500, um teste de dureza da água é necessário para confirmar a presença de cátions antagonistas.

Vamos agora examinar alguns métodos comprovados de testagem e como tratar as causas.

Antes de se investir em aditivos ou em um sistema comercial de Osmose Reversa, vale a pena saber quais as opções para se fazer com sucesso o trabalho sujo de manter sua água limpa antes de uma aplicação de defensivos.

O que tem na sua água? Se você não sabe a resposta, vale a pena descobrir antes de usá-la na sua próxima aplicação.

Reduzindo a Dureza

Pense nas amostras de solo que você tira e como a interpretação dos resultados de seus testes embasam decisões quanto ao seu uso. O mesmo conceito se aplica à testagem da qualidade da água. Pode ser valioso a um produtor saber da dureza, condutividade e presença de bicarbonatos de sua água.

A testagem da água calcula sua dureza com uma fórmula que leva em conta os dois cátions mais comuns, cálcio e magnésio (2,497*Ca + 4,118*Mg).

Outros dois níveis de contaminantes a serem considerados na interpretação dos resultados de testes de água são:

Condutividade: Água com eletrocondutividade abaixo de 500 microsiemens por centímetro é boa para ser usada na formulação de caldas. Valores acima de 1,000 ?S/cm precisam de maior investigação quanto a seu fator causador.

Bicarbonato: O nível limite típico é de 500 ppm, o que pode demandar uma adição de um fertilizante líquido UAN ou 28-0-0 para reduzir o impacto que bicarbonatos tem no desenvolvimento radicular das invasoras.

Usar a água tratada do município, ou compensar o uso de água de baixa qualidade com uma maior dosagem de herbicida são opções. Mas nem sempre são as mais convenientes ou práticas.

Um abrandador de água pode mitigar a dureza da água pela redução do magnésio e do cálcio que se ligam e minimizam a efetividade do glifosato. Mas Wolf observa que abrandadores tendem a usar sódio, que também reduz a eficácia do glifosato.

“Basicamente, estes sistemas trocam o magnésio e o cálcio pelo sódio do cloreto de sódio, que precisa ser periodicamente adicionado”, diz Wolf. “Embora isto reduza a dureza da água, o sódio ainda é um leve antagonista para defensivos, e assim apenas o uso desta técnica não é prático”.

Uma técnica comum, de uso complementar ou isolada, é a de se tratar a dureza da água pela adição de sulfato de amônio (SAM), antes de se acrescentar o herbicida no tanque de mistura. Este aditivo pode ajudar a neutralizar os cátions da água dura que impactam no desempenho do herbicida.

“Nós ajustamos a quantidade de SAM  conforme as ppm dos vários antagonistas na água. Essa técnica exige uma certa quantidade de SAM, mesmo se a dureza for baixa”, diz Wolf. “Há diferentes adjuvantes para pulverização contendo SAM que se podem adquirir. Costumam ser baratos e efetivos, mas dependendo da severidade do problema, acrescentar 5 a 10 kg de SAM em pó a cada 400 litros de água, em um tanque de 4.000 litros pode acabar se tornando caro”.

“Tome cuidado ao reduzir o pH através de acidificação, porque ela irá afetar a solubilidade de alguns herbicidas e tornar a calda inutilizável, ou levar a problemas de entupimento”, diz Wolf.

O pH da água também pode impactar a efetividade de defensivos conforme o tempo que permanecem no tanque do pulverizador. Um processo químico conhecido como hidrólise pode quebrar as moléculas do produto em questão de horas e dramaticamente reduzir a eficiência de uma aplicação, conforme uma análise da Universidade de Extensão de Purdue.

Embora os fabricantes formulem seus produtos para manter sua efetividade em água levemente ácida por até 24 horas, nem todos defensivos são iguais. O número de horas ou dias que leva para os ingredientes ativos de um produto perder potência quando diluído em água podem variar, com o pH sendo um fator significativo.

Assim, se você está preparando uma mistura pela manhã, vale a pena cuidar o prazo para sua pulverização levando em consideração o pH da água, para evitar uma aplicação inefetiva. Aqui estão três dicas da Universidade da Califórnia em Davis para se ter em mente, no que tange ao pH da água:

  1. A maior parte dos produtos misturados em água alcalina devem ser pulverizados imediatamente.
  2. Água com pH entre 6 e 7 é adequada para a pulverização imediata da maioria dos defensivos, mas estes podem perder efetividade após uma ou duas horas e não devem ser deixados no tanque do pulverizador.
  3. Água com ph entre 3,5 e 6 é boa para a maior parte das aplicações e permite permanência por curto prazo (12 a 24 horas) da maior parte das misturas em um tanque de pulverização, mas não deve ser usada com herbicidas à base de sulfoniluréia e uréia.

Sistemas de Osmose Reversa

Ao invés de correr o risco de se fazer uma combinação errônea de produtos químicos para tratar a qualidade da água, usar um sistema comercial de Osmose Reversa (OR) pode ser uma solução, especialmente se você faz aplicações foliares, conforme Jon Frank, nutricionista de solos da Crop Science Investigation.

“Condutividade e minerais em solução criam arrasto e fricção na qualidade de uma aplicação foliar”, ele diz. “Pense nela como quando você tenta sintonizar uma estação de rádio buscando apenas o sinal, e não a estática. Quanto menos condutividade e minerais em solução você tiver na sua água, menos ‘estática’ você terá na calda de pulverização”.

Águas vindas de poços e de corpos de água podem ter níveis de condutividade de pelo menos  200-300 ?S/cm, enquanto que sistemas OR podem reduzir esta condutividade para 50 ?S/cm ou menos.

Embora um sistema OR comercial de alta qualidade possa custar mais de US$ 5.000, Frank diz que o investimento muitas vezes vale a pena.

“A água tratada pelo sistema OR pode custar entre 10 a 30 centavos de dólar por galão. Compare esse custo com o de seu herbicida por hectare, o qual provavelmente não é menos de 10 dólares por hectare”, ele diz.

Porém, fundamental para calcular o custo de um sistema de Osmose Reversa é entender que metade da água que passa pelo sistema não será usada para pulverização.

“Considere que 50% da água sendo tratada é descartada no processo, e dependendo da fonte, poderá ser extremamente salobra”, diz Wolf. “Para grandes empresas pulverizando 400 mil litros por ano, é importante o planejamento responsável de onde todo este excesso será descartado”.

 

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