InícioBrasilSanta Vitória Aviação Agrícola: Crescimento Através de Gestão Eficaz

Santa Vitória Aviação Agrícola: Crescimento Através de Gestão Eficaz

A Santa Vitória Aviação Agrícola começou como a maioria das empresas começa: com dois amigos que se associaram, compraram um avião agrícola e começaram a trabalhar duro. Neste caso, Enio Strapação De Cezere, um piloto agrícola formado pelo CAVAG da Aero Agrícola Santos Dumont em 1994, e Ingomar Storch, um veterano e muito experiente técnico agrícola, os quais fundaram a Santa Vitória em 2005. Ambos já tinham trabalhado para outras Aero agrícolas na região de Santa Vitória do Palmar, uma pequena cidade no extremo sul do Brasil, cercada por grandes lavouras de arroz absolutamente planas. Em seu primeiro ano, eles tiveram um terceiro sócio, outro piloto agrícola, mas logo ele deixou a empresa para voar helicópteros para um órgão do governo brasileiro. Eles começaram, como conta De Cezere, “com um Cessna e uma bolanta”, o nome que se dá na região para uma pequena casinha rústica de madeira. Eles arrendaram outro avião em seu primeiro ano para o outro piloto voar. Já em 2009, eles conseguiram comprar seu segundo avião, um Ipanema 201A de 1980, o qual está na frota da empresa até hoje. Em 2013 eles compraram seu terceiro avião, outro Ipanema, um 202. Em 2016, eles construíram a sede física da empresa, em terreno que havia sido adquirido em 2010, e entre 2017 e 2019, eles substituíram o Cessna AgWagon original por outro Ipanema, adquiriram dois outros Ipanemas e abriram duas bases remotas, na cidades de Mostardas e São Lourenço do Sul. Seu grupo de colaboradores cresceu de dois no primeiro ano para 16 hoje.

A frota da Santa Vitória Aviação Agrícola exibida em frente ao seu hangar. O único avião da empresa que não está na foto é o EMB-201A baseado em Mostardas. Observe os geradores eólicos ao fundo, os quais estão se multiplicando na região, devido aos seus ventos constantes e se tornando um desafio para os pilotos agrícolas operando na área. Foto aérea (drone) por Fausto Alberto Torres.

O segredo por trás deste sucesso? Além de trabalho duro, experiência e dedicação por ambos os sócios, o fato de que De Cezere não apenas é um piloto agrícola, mas também é graduado em gestão financeira e pós-graduado em engenharia de produção, e trouxe esse conhecimento para a gestão da empresa. Ele chegou a criar um mapa estratégico, com uma visão – ser reconhecida como a empresa de aplicação aérea que apresenta os melhores resultados – e uma missão – contribuir com o produtor rural para produzir alimentos de qualidade, com alto desempenho e segurança.. O mapa estratégico também lista várias formas para atingir estas missão e visão, as quais incluem destinar tempo e recursos para a qualificação das equipes e estar atento às novas tecnologias no ramo.

O time da Santa Vitória Aviação Agrícola, com os sócios Ingomar Storch à esquerda e Enio De Cezere à direita.

Habilidade para delegar também é importante para o gestor inteligente; apesar de ser um piloto agrícola muito experiente, De Cezere incumbiu Carlos Eduardo Romano de ser o Piloto Chefe da empresa e Toni Sato de ser o Gestor de Segurança Operacional (GSO). De Cezere diz que a Santa Vitória Aviação Agrícola se foca primordialmente na qualidade das suas aplicações, trabalhando em contato próximo com seus clientes e seus engenheiros agrícolas.

Hoje a frota da Santa Vitória Aviação Agrícola está padronizada no Ipanema, com cinco EMB-202 à etanol e um EMB-201A que ainda queima avgas. De Cezere diz que o 202 é o avião ideal para a maioria das lavouras de seus clientes. Além disso, Santa Vitória do Palmar é conhecida por seus ventos fortes e quase constantes; por conta disso, muitas vezes é necessário fazer aplicações aéreas em condições de vento menos do que ideais, especialmente as de fertilizantes granulados. Nessas situações, é a capacidade do piloto decolar e pousar nessas condições que determina a continuidade da operação, e De Cezere diz o que a maioria dos pilotos de Ipanema já sabe – que o Ipanema é mais fácil de operar com vento de través do que um Cessna.

Os Ipanemas da Santa Vitória estão equipados com bicos de jato leque da STOL, e para algumas aplicações, usam-se atomizadores rotativos. As aplicações de sólidos são feitas com difusores da STOL. Quatro dos Ipanemas tem GPS Satloc Bantam e os outros dois tem o GPS da Vektor.

A safra da Santa Vitória começa entre o final de agosto e início de setembro, com aplicações de glifosato em lavouras prestes a ser semeadas com arroz. Uma segunda aplicação de glifosato é feita quando o arroz está prestes a eclodir, no que chamam de “ponto de agulha”, às vezes junto com algum outro herbicida caso invasoras resistentes ao glifosato estejam presentes. Ocasionalmente, uma terceira aplicação de herbicida é feita se ainda permanecem invasoras resistentes ao glifosato na lavoura. Em dezembro começam as aplicações de ureia, de uma a duas, feitas entre 60 a 80 kg por hectare. Muitos lavoureiros fazem a primeira aplicação de ureia por trator. Depois disso, a Santa Vitória Aviação Agrícola costuma ser chamada por seus clientes para fazer uma aplicação de fungicida no arroz. Em janeiro, ocorrem aplicações na soja, geralmente duas, incorporando fungicidas e inseticidas quando necessário. Frequentemente, aplicam-se fertilizantes foliares, tanto na soja como no arroz. Todas as aplicações de líquido são feitas na vazão de 20 litros por hectare.

A base da Santa Vitória Aviação Agrícola, mostrando sua pista de 780 metros. A área na parte inferior da foto é uma pista secundária de 430 metros que pode ser usada quando os fortes ventos de Santa VItória do Palmar tornam a pista principal impraticável. Foto aérea (drone) por Fausto Alberto Torres.

Cerca de 60% das aplicações da Santa Vitória são feitas no arroz, e 30% na soja. Estas aplicações costumam terminar em março. Os 10% restantes são semeaduras de cobertura que ocorrem até junho, quando a safra da empresa efetivamente termina.

Anos atrás, o arroz era praticamente a única cultura de Santa Vitória do Palmar, e virtualmente todas as aplicações eram feitas por avião. Com o aumento dos preços internacionais da soja, produtores de soja. Se mudaram para a região e trouxeram pulverizadores terrestres autopropelidos com eles. Acabaram descobrindo que eles poderiam ser usados no arroz também e hoje eles são concorrentes das empresas aeroagrícolas locais.

A Santa Vitória Aviação Agrícola opera em cerca de 20 pistas agrícolas, situadas em distâncias de até 100 Km da base, além de uma base remota na cidade de Mostardas a cerca de 390 km da base, onde um piloto e um técnico operam o único EMB-201A da frota.

A maioria das empresas novas funcionam bem quando são pequenas; com um ou dois aviões,  as habilidades necessárias para gerenciá-las são aquelas que qualquer piloto tem. É quando elas crescem, e acrescentam mais equipamento e colaboradores, que os problemas de administração surgem e arrastam para baixo aquelas cujos proprietários não têm os conhecimentos necessários para lidar com eles. É por esse motivo que o SINDAG tem promovido tantos cursos de administração para seus associados, e que nós do AgAir Update incorporamos “Papo de Gestão” como uma coluna mensal. O sucesso da Santa Vitória Aviação Agrícola, fruto do trabalho de um empresário com formação em gestão, que sabe como definir prioridades, estabelecer procedimentos e motivar sua equipe, prova que esta é a receita do sucesso.

Frota de veículos de apoio da Santa Vitória. Todos os caminhões têm guindastes hidráulicos ou munck, essenciais para o carregamento rápido em aplicações de sólidos.

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