InícioBrasilVamos Repaginar a Imagem da Aviação Agrícola?

Vamos Repaginar a Imagem da Aviação Agrícola?

Com a chegada das novas máquinas autopropelidas terrestres, e dos drones, mais do que nunca a atividade aeroagrícola tem sido colocada em xeque.

Parece que a indústria aeronáutica não caminha na mesma velocidade dos seus concorrentes quando o assunto é mostrar seus benefícios, suas virtudes, suas vantagens. Parece não, isso é fato. Nenhum dos fabricantes de aeronaves tem feito o trabalho comercial necessário para fortalecer a imagem da atividade como um todo.

Sabemos que os fabricantes têm desenvolvido suas máquinas, que cada vez mais surpreendem e superam expectativas. Mas, entregar um bom avião parece não ser o bastante nos dias de hoje. É preciso mostrar o quanto ele é bom, o quanto ele é importante e eficiente nas operações dentro da porteira, e o quanto a atividade agrícola pode se beneficiar pelo uso de uma aeronave. Mostrar claramente quanto custa um hectare tratado por avião em relação aos seus concorrentes.

As regiões do centro-oeste e norte do país, têm convivido mais com os aviões agrícolas; por isso, nestas, parece que o que estamos falando pode soar estranho. Mas, até mesmo nestas regiões, há muito mercado para crescer… muitas fazendas que ainda não usam ou, sub utilizam aviões.

Quando descemos para o sudoeste e para o sul, percebemos o quanto é preciso repensar o modo de abordar o mercado; a maneira de “vender” a aviação; o jeito de discutir o seu valor e a sua viabilidade. Muitas fazendas que poderiam ter ao menos um avião médio, por exemplo, operam com quatro…cinco autopropelidos. Outras, poderiam possuir uma máquina maior, mas, mantêm frotas de equipamentos terrestres. Ou ainda, poderiam estar usando os serviços de uma Empresa Aeroagrícola em conjunto com as máquinas próprias.

Compreender esta dicotomia técnica é, provavelmente, o grande desafio desses tempos para a atividade aeroagrícola. As empresas prestadoras de serviços, inclusive, fazem parte disso. Possuem papel preponderante no processo de massificação, difusão da tecnologia aeroagrícola.

O início de algumas mudanças importantes já é visto, a partir da aproximação do setor com algumas Universidades, que tomaram gosto e começam a levar conhecimento para os seus alunos, através da cadeira aeroagrícola. O congresso nacional de aviação agrícola tem recebido cada vez mais artigos científicos para serem apresentados e discutidos. Tudo isso é de valor inestimável para o fortalecimento da aviação.

Mas, reitero: a indústria precisa aparecer mais. Precisa estar próxima de todos os envolvidos com a agricultura. Precisa entender as demandas do campo, ajustar suas máquinas, entregar um produto cada vez mais próximo do esperado.

Somos o país que tem o maior potencial de crescimento do uso da aviação agrícola no mundo; somos o que produz alimentos para todos; e o que opera uma agricultura responsável que contempla os cuidados com o meio ambiente e com os seres vivos. Ou seja, somos o mercado onde a produção equilibrada tem tudo a ver com o uso das aeronaves agrícolas. Especialmente, as movidas a Etanol.

A convivência harmônica entre máquinas de diferentes tipos pode e deve ser algo comum, factível e positiva. Mas, é imperioso que a aviação agrícola (fabricantes), acordem para as mudanças em curso, que exigem mais mídia… mais interação com pesquisadores e professores… mais proximidade com o usuário final.

Os Centros de Instrução de Aviação Civil – os AEROCLUBES, podem ser um elo para aproximar do mercado. Estejam próximos dos futuros pilotos, que poderão disseminar a máquina.

Com o advento do uso dos biodefensivos, um caminho sem volta, havia uma ideia de que esses produtos não poderiam ser aplicados por via aérea, porque seriam danificados; perderiam eficiência; ou porque as aplicações destes produtos devem ser nos horários mais favoráveis… (uauuuu: os aviões voam nas melhores janelas!)

E estudos científicos mostraram que isso não corresponde com a verdade. As aplicações aéreas são tão ou mais eficientes que as terrestres, mesmo para os produtos biológicos. Ou seja, a falsa mensagem caiu por terra. Biodefensivos podem ser aplicados por aviões sem nenhum dano colateral.

Sabemos o quanto os aviões podem contribuir para uma produção com qualidade agronômica e segurança ambiental. Há que fazer chegar em todos os locais esta informação, a fim de que “preconceitos” e “falsas ideias” não imprimam nenhum tipo de imagem distorcida desta ferramenta incrível.

Bons voos a todos!!!

por Jeferson Luis Rezende Piloto agrícola, Instrutor de Voo. Presidente do AEROCLUBE DE GUARAPUAVA/CIAC. Foi membro do NATA/PR-UNICENTRO. RTV da INQUIMA.
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