SIM, menos produto no solo e no ar.
Todo caçador no mundo sabe a importância de se ter a arma certa e a necessidade de munição apropriada, as quais diferem significativamente caso estejamos caçando pombos ou porcos selvagens. A mesma lógica se aplica para alcançarmos os melhores resultados na aplicação de defensivos agrícolas: é necessário ajustar o tamanho da gota e a concentração do produto conforme o alvo.
Em numerosas ocasiões, em variadas culturas, usando baixos volumes meus clientes obtiveram controle superior de pragas e doenças com menos ingrediente ativo em combinação com o tamanho da gota ideal e uso de óleos/adjuvantes para proteger o tamanho da gota. Em aplicações em baixos volumes, é comum se obter uma deposição de 100% mais produto na cultura do que com altos volumes. O que traz a pergunta – para onde foi o produto que desapareceu? A resposta deveria preocupar todos os que pensam no meio ambiente, posto que o produto é perdido pelo escorrimento das gotas grandes e pela evaporação da água, resultando em deriva para fora do alvo.
Toda minha vida profissional tem sido devotada a obter os melhores resultados possíveis com defensivos agrícolas, com o único objetivo sendo o de colocar o produto no alvo. Para quem não me conhece, já trabalhei em mais de 100 países e estou familiarizado com praticamente todas as culturas comerciais, e posso declarar que todos produtos químicos são mais efetivos quando aplicados na cultura usando o mínimo possível de água. De um ponto de vista da tecnologia de aplicação, não há cultura neste planeta que precise de um volume de spray maior do que 10 litros por hectare. As únicas situações em que é necessário usar maiores volumes é na aplicação de altos volumes de produtos tipo fertilizantes foliares.
Muito frequentemente, agrônomos publicam informação que só poderia ser descrita como absurda, declarando que é fisicamente impossível se obter uma cobertura por hectare adequada usando baixos volumes. Adicionalmente, é importante esclarecer que atingir o solo só é relevante quando se aplicam herbicidas pré-emergentes. Em todos os outros casos, os produtos precisam ser aplicados na planta, com um mínimo ou NENHUM produto alcançando o solo.
Sugiro relembrar o seguinte:
- O controle de vetores usando aeronaves e drones equipados com atomizadores rotativos, aplicando produtos puros em volumes tão baixos quanto 185 mililitros/hectare para controlar mosquitos adultos em voo.
- O controle de gafanhotos em muitos países há mais de 50 anos, usando aplicações de ultra baixo volume (UBV) de 9,5 litros/hectare ou menos sob condições de altas temperaturas e baixas unidades.
- O controle do “Bicudo”, que foi praticamente eliminado nos Estados Unidos através do uso de aplicações em UBV – ultra baixo volume de apenas 9,5 litros ou menos por hectare, usando produtos puros ou diluídos em óleo.
- O controle da lagarta-do-botão do abeto oriental em árvores de 18 ou mais metros de altura usando 9,5 lts/hectare.
- Os aplicadores aéreos da Argentina e do Brasil, que vem usando baixos volumes de 3 a 10 lts/hectare com sucesso há 50 anos em variadas culturas, incluindo trigo, algodão, citros, milho, amendoim, batata e soja.
- Que hoje há uma frota de mais de 2.500 aviões agrícolas operando no Brasil, dos quais mais de 2.000 estão equipados com atomizadores rotativos para aplicação de inseticidas e fungicidas em volumes inferiores a 10 lts/hectare.
- Que a cada ano, um número cada vez maior de grandes fazendas no Brasil estão abandonando seus pulverizadores terrestres para obter aplicações consistentemente melhores com aviões aplicando baixos volumes, e para eliminar a compactação do solo e a perda de produtividade devido aos danos que eles causam às culturas.
As vantagens dos baixos volumes incluem:
- São livres de problemas de evaporação: altas temperaturas e baixa umidade não são mais problema.
- Redução da deriva, dado que as gotas NÃO evaporam.
- Melhor cobertura e penetração da cultura através das gotas menores e mais uniformes.
- Melhor controle de pragas e doenças, com a rápida eliminação das pragas.
- Normalmente permitem o aumento do intervalo entre aplicações, com uma redução de uma ou duas aplicações por ciclo da cultura.
- Maior produtividade como consequência do melhor controle de pragas e doenças.
- As aeronaves pulverizam mais hectares por hora em condições ideais de vento.
Herbicidas como o glifosato funcionam mais rápido e produzem menos plantas resistentes quando aplicados em baixo volumes, o que também resulta em menor deriva graças à alta densidade do produto, de 1,25, e sua baixa volatilidade. Tenho numerosos clientes que provaram que a melhor maneira de reduzir a deriva com o glifosato é aplicá-lo em baixos volumes, em um máximo de 10 litros por hectare, e NÃO em altos volumes.
Há vários passos chaves para o sucesso:
- A correta instalação e calibração de equipamento adequado, o qual produzirá um espectro de gotas controlado e mais uniforme.
- Aplicar os produtos não diluídos ou no volume mais baixo tecnicamente possível, usando a menor diluição em água possível.
- Adicione óleos/adjuvantes adequados para proteger contra a perda por evaporação e aumentar a dispersão das gotas no alvo, ao mantê-las sem evaporar por um mínimo de cinco minutos em condições de alta temperatura e baixa umidade.
- Nunca voe sem acrescentar produtos para controlar a evaporação (comprovado há 50 anos na América do Sul).
- Só pulverize quando houver um vento de través de no mínimo 2 mph (3 km/h), para garantir boa cobertura e penetração.
- Implemente treinamento técnico para os pilotos e equipes de solo.Acrescentando à Discussão: A Perspectiva da Sustentabilidade e da Eficiência
Redução do Gasto de Água: Se reduzirmos o volume de aplicação de 50 lts/hectare para 10 lts/ hectare em uma fazenda de 400 hectares, teremos uma economia imediata de 16.000 litros. No caso do algodão e outras culturas nas quais muitas vezes é necessário fazer várias aplicações, esta economia será ainda maior.
Veja o exemplo de uma aeronave a turbina, sua produtividade pode aumentar de 109 hectares por hora para 164 hectares por hora. Na prática, várias vezes testemunhei um avião a turbina pulverizando até 340 hectares em 45 minutos, quando a lavoura estava próxima da pista.
A poupança de 16.000 litros de água através destas práticas não apenas destaca a importância da adoção de métodos agrícolas que respeitem o uso sustentável da água mas também contribui para a sustentabilidade ambiental, ao minimizar o potencial de escorrimento dos defensivos aplicados e a contaminação das fontes de água.
Economia de Combustível e de Tempo: O menor número de cargas realizadas resulta em significativa economia de tempo e recursos, incluindo menor gasto de combustível e redução da pegada de carbono das operações agrícolas. Estes aspectos destacam a relevância de práticas de aplicação precisas e controladas.
Impacto Econômico: A redução de insumos e de custos operacionais refletem diretamente na sustentabilidade econômica de operações agrícolas. Menos insumos significa menores custos, o que pode melhorar a margem de lucro operacional dos produtores.
Esta análise destaca a necessidade urgente de se revisarem práticas agrícolas tradicionais em favor de métodos mais sustentáveis. A adoção de técnicas de pulverização em baixo volume não apenas promove a redução do desperdício de recursos valiosos, tais como água e defensivos, mas também demonstra a possibilidade de se alcançar um controle superior de pragas e doenças, acompanhado de um impacto ambiental menor. Esta abordagem, com o uso de tecnologias de aplicação precisas e ajustes finos em técnicas de gerenciamento, pode levar a um futuro agrícola mais sustentável e produtivo.
O conceito de se reduzir a deriva e a contaminação ambiental por defensivos através do aumento do tamanho das gotas e do uso de maiores volumes, que se originou na Europa e depois se espalhou pelos Estados Unidos, se provou inefetivo.
Primeiro, a aplicação aérea foi proibida sob a alegação de que pulverizadores terrestres forneciam aplicações mais precisas. O segundo passo foi aumentar o tamanho da gota e o volume de pulverização, usando bicos com indução de ar para reduzir o número de gotas pequenas e sujeitas à deriva. Na maior parte da Europa, as bulas de defensivos demandam volumes de pulverização de até 400 lts/hectare no trigo e na batata, usando pulverizadores terrestres. Tenho vários clientes pulverizando batatas com excelente controle de pragas e doenças usando apenas 10 lts/hectare.
Todo este conceito fracassou, com sérios problemas em toda a Europa com contaminação do solo e de águas como consequência das aplicações em altos volumes.
As atuais bulas de produtos precisam ser revisadas com ênfase em se colocar o produto no alvo, e não com a ideia atual de deriva ZERO, a qual resulta em baixa eficácia e maior contaminação do solo. Em muitos casos, 50% ou mais do produto é desperdiçado por estar sendo aplicado através de altos volumes de água.
Sendo engenheiro agrônomo e mecânico, combinado com minha paixão pela agricultura e pela aplicação aérea, eu educadamente sugiro que agrônomos e outros PAREM com o pensamento atual e simplesmente relembrem o que já se comprovou há mais de 50 anos.
Agora é a hora de mudar e obter melhores resultados, e de proteger o agronegócio antes que sejamos obrigados por lei a comer minhocas produzidas industrialmente, ao invés de carne de boa qualidade.
Pressionem as indústrias químicas e os órgãos reguladores para que se mudem as bulas e implementem soluções técnicas de bom senso, ao invés de se repetir as ideias antigas e ultrapassadas de controlar deriva pelo aumento do tamanho da gota e dos volumes de água.
Em todos os casos, aplicações aéreas usando óleo ou adjuvantes especiais se comprovaram muito efetivas, com um MÍNIMO de produto no solo.