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Papo de Cabine – Relembrando e Criando Memórias

Perdi dois amigos do Brasil nos dois últimos meses, Francisco Renato do Prado e Juliana Turchetti.

Francisco Renato do Prado, mais conhecido como Prado, foi um dos primeiros pilotos agrícolas que conheci na América do Sul, há mais de 30 anos atrás. Prado era uma pessoa excepcional. Ele voou agrícola no Rio Grande do Sul por vários anos, antes de passar para a linha aérea. Ele inclusive escreveu quatro livros, dois deles a respeito de feitos aeronáuticos. Ele era um piloto muito inteligente. 

Lembre-me de quanto o visitei em seu apartamento na cidade de Pelotas e ele arranjou para que eu tivesse uma conversa com o prefeito da vizinha cidade de Rio Grande. Esta conversa foi transmitida por uma estação de rádio local, e Prado serviu como o meu tradutor. Era incomum que um americano visitasse aquela pequena cidade, na época. O prefeito até me deu a chave da cidade! Fiquei honrado em recebê-la. Logo depois, Prado e eu voamos em um Aero Boero, de Pelotas até o Aeroclube de Rio Grande, onde assamos uma tainha na brasa em espetos de madeira. Foi uma época memorável. Prado faleceu pacificamente, de forma inesperada, em junho passado.

Aí, em julho, vieram as terríveis notícias sobre Juliana Turchetti. A aviação agrícola perdeu uma dos seus; uma dama inteligente, bela. Quando todos diziam que ela não poderia voar, ela foi e voou! 

Juliana se juntou ao time de AgAir Update vários anos atrás, como autora contribuinte. Nesta função, ela sempre fez um trabalho fantástico, contando suas histórias para nossos leitores. Nunca fez diferença o fato de ela ser do gênero oposto da maioria dos pilotos agrícolas.

Juliana iniciou sua carreira na aviação na linha aérea, no Brasil. Buscando maior realização, ela passou a voar agrícola em um Ipanema. Dali ela progrediu, transladando aviões Thrush e Air Tractor dos Estados Unidos para o Brasil. Ela escreveu alguns artigos sobre suas experiências nestes translados. Ela voou agrícola nos Estados Unidos e finalmente passou para o AT-802F de combate a incêndios, e deste para o Fire Boss.

O Fire Boss foi o último avião que ela voou. Durante uma manobra de scooping, com o avião correndo na água para encher seu hopper, ela perdeu o controle e veio a falecer no acidente que se seguiu. No momento em que escrevo isso, um dia após o acidente, os detalhes ainda não estão determinados.

Juliana deixará saudades em seus leitores, seus entes queridos, colegas da aviação e na família AgAir Update. Que Deus possa levá-la para a próxima página…

Tenho muitas memórias dos meus mais de 30 anos de viagens pela América do Sul. A maioria delas é muito boa e algumas, bem… Digamos que são memórias que eu preferiria não ter! Por exemplo, de hotéis com aparelhos de ar condicionado que não funcionavam. Ou de não conseguir encontrar um restaurante aberto, com todos eles fechados em uma cidade por alguma razão escura. Esses não chegam a ser motivos suficientes para chamá-las de “memórias desagradáveis”. Na verdade, agora que eu sobrevivi a estes “desafios”, olho para trás achando graça e lembro com carinho das memórias não tão boas, junto com as que são excelentes.

Este mês, pretendo criar mais uma memória: a de uma pescaria no Pantanal. Eu e Ernesto Franzen, o editor de AgAir Update no Brasil, reservamos um fim de semana em uma pousada de pesca que garante nos proporcionar uma grande aventura no Pantanal, com ótima comida e três noites na natureza (mas com ar condicionado!). Esta viagem especial irá acontecer no fim de semana antes do congresso em Cuiabá. Não deixe de passar pelo estande de AgAir Update para me perguntar como foi a pescaria!

Até o mês que vem, Keep Turning…