A Rotor Technologies, uma empresa de tecnologia para voo autônomo fundada por Hector Xu, está fazendo avanços significativos na indústria da aviação. Com origens focadas na melhoria da segurança dos helicópteros, a empresa desenvolveu tecnologia de ponta com potencial para transformar as operações agrícolas. O quanto e quando, ainda está para ser visto.
A Rotor nasceu de uma experiência de um quase acidente em voo, durante o treinamento de Xu como piloto de helicóptero, o que o levou a se decidir pela missão de aumentar a segurança de voo em helicóptero. Antes um pesquisador do Massachusetts Institute of Technology, Xu transformou a empresa em líder em sistemas de voo autônomos. A empresa começou modernizando um helicóptero R22 e digitalizando todas suas funções, desde o controle do motor até a aviônica. Depois de provar o conceito, a Rotor mudou o foco para a plataforma R44 em 2024, impulsionada por seu apelo de mercado mais amplo e suas maiores capacidades.


A jornada para a autonomia de voo começou com o primeiro R22 protótipo da Rotor, construído em um helicóptero de treinamento de voo usado, adquirido por aproximadamente US$ 80.000. Com o tempo, a experiência e a tecnologia da empresa amadureceram, levando ao primeiro voo autônomo de um helicóptero R44 em outubro de 2024. A maior carga útil e alcance do R44 fazem dele uma plataforma ideal para aplicações aeroagrícolas. O foco atual da Rotor está na engenharia e certificação de confiabilidade para garantir que os sistemas sejam robustos e maduros para implantação comercial.
A Rotor oferece atualmente o R44 não tripulado em uma configuração utilitária, o “Airtruck”, ou em uma configuração agrícola, o “Sprayhawk”. O Sprayhawk nasceu do grande interesse dos operadores de aviação que procuraram a empresa e desejavam utilizar a tecnologia para aplicações aéreas.




O Sprayhawk é uma aeronave totalmente não tripulada pilotada por um piloto remoto no solo. O piloto remoto deve possuir licença comercial de helicóptero com as licenças de aplicador necessárias, que são os requisitos exatos para aeronaves tripuladas. Em alguns casos, a FAA exige um observador visual adicional. A ideia da Rotor não é substituir o piloto, mas aumentar a segurança nas operações agrícolas através de tecnologias auxiliares, assim como o controle de velocidade de cruzeiro ou o sistema de alerta de mudança de faixa em um carro. Devido a restrições regulatórias, o helicóptero tem que ser rebocado até a área de aplicação. A Rotor fornece o reboque de transporte com o Sprayhawk. Uma vez no campo, o helicóptero pode iniciar a aplicação aérea padrão, incluindo carregamento em heliponto improvisado no solo ou em plataformas sobre caminhões.
Espera-se que os custos operacionais e de seguro sejam inicialmente semelhantes aos do helicóptero R44 tripulado, embora provavelmente diminuam à medida que o histórico de segurança da plataforma for estabelecido. As despesas de manutenção são projetadas para serem iguais ou inferiores às do R44 tripulado, enquanto que, segundo a Rotor, a retenção de valor da aeronave poderá exceder a de seu equivalente tripulado. A Rotor também planeja fornecer recomendações para seguradoras que se sintam confortáveis com a tecnologia autônoma, e tem mantido contato com vários corretores de seguros.


A Rotor fez parceria com a AgNav como fornecedora exclusiva do sistema de gerenciamento integrado de missão e controle de pulverização de precisão para o Sprayhawk. AgNav e Rotor investiram em um extenso trabalho de engenharia para tornar a integração perfeita.
Kits de modernização para helicópteros R44 existentes estarão disponíveis primeiro, com planos de colaboração com a Robinson para construir aeronaves autônomas direto na fábrica. Todos os equipamentos necessários para a conversão do helicóptero acompanham o retrofit, incluindo carreta de transporte e sistema AgNav.

A Rotor já alcançou um marco significativo ao garantir a aprovação para operações comerciais no Brasil, marcando sua entrada no mercado global. Enquanto isso, a aprovação nos EUA está pendente, com operações iniciais planejadas de acordo com os regulamentos da Parte 137 para aeronaves agrícolas. Além disso, novas grandes regulamentações sobre UAV em desenvolvimento pela FAA poderão oferecer caminhos alternativos de certificação para a tecnologia da empresa.
A segurança continua sendo a base da inovação da Sprayhawk. A aeronave está equipada com múltiplos sensores, incluindo câmeras, LiDAR (sensor laser) e radar (atualmente em desenvolvimento), para detecção abrangente de obstáculos. Esses recursos permitem o mapeamento pré-missão e durante a missão, dando ao sistema uma “memória” de obstáculos para uma conscientização consistente. O Sprayhawk equilibra a automação com o controle pelo piloto para manter a segurança, sem comprometer a flexibilidade operacional.
A empresa também está melhorando o ambiente operacional, com estações de controle em solo projetadas para melhorar o conforto e o desempenho do piloto em um ambiente mais espaçoso e controlado no solo.
A empresa está desenvolvendo duas configurações para suas estações de controle no solo: uma configuração full-size com cíclico, coletivo e pedais em duplo comando com dois assentos e uma versão compacta, adequada para instalação em picapes, completa com mastro de antena e controles portáteis. Embora a integração de um headset VR (de Realidade Virtual) permaneça em especulação, ela representa uma possibilidade interessante para operações futuras.



O sistema Sprayhawk atinge uma média de 240 acres (97 hectares) por hora a uma velocidade ideal de 55 nós, com uma faixa de 20 metros e curvas de retorno em 20 segundos (assumindo uma lavoura retangular e um volume de aplicação de 20 litros por hectare). Embora o desempenho atual esteja nos estágios iniciais, o objetivo é alcançar uma automação consistente que corresponda às capacidades dos melhores pilotos, beneficiando uma parcela significativa dos operadores.
Os sistemas autônomos estão a remodelar as competências exigidas na aviação agrícola. As operações do Sprayhawk exigem qualificações do piloto, assim como as aeronaves tripuladas tradicionais, enfatizando a cultura de segurança, gerenciamento de contingências e experiência em aplicação de produtos químicos. Os aplicadores licenciados continuarão a desempenhar um papel fundamental na garantia do sucesso operacional.
A Rotor enfatiza a colaboração com “parceiros de desenvolvimento conjunto” para garantir que sua tecnologia atenda às demandas agrícolas do mundo real. Ao oferecer opções de locação e compra a baixo custo, a empresa pretende envolver os primeiros usuários entusiasmados que possam fornecer feedback valioso durante o desenvolvimento. A empresa mantém os pilotos e operadores agrícolas na vanguarda do seu desenvolvimento, visando complementar, e não substituir, o aplicador aéreo.
