VOANDO PARA O FUTURO – Conclusão
A nova tecnologia que ajuda a determinar larguras de faixa efetivas, padrões de deposição e penetração do spray em culturas tem sido surpreendentemente eficaz.
Após a Segunda Guerra Mundial, bons operadores trabalharam diligentemente tentando determinar essas coisas, geralmente usando tiras de papel esticadas no solo, sobre as quais eram realizadas pulverizações. Água com corante era pulverizada, e um registro razoavelmente bom do padrão de pulverização e do tamanho das gotas aparecia no papel. Um operador consciencioso normalmente poderia melhorar consideravelmente seus padrões de pulverização depois de “ler” os resultados mostrados nestes papéis manchados de tinta.
Isto, contudo, não foi o suficiente, especialmente quando a Agência de Protecção Ambiental dos EUA se tornou um fator e o público em geral se envolveu fortemente com a deriva de pesticidas em áreas “não-alvo”. Como resultado, agências estatais, faculdades de agronomia, associações de aviação agrícola e fabricantes de defensivos progressistas começaram a experimentar seriamente equipamentos de teste sofisticados, que pudessem mostrar padrões de pulverização e ajudar a corrigir deficiências.
Nada se provou mais útil ou prático do que os equipamentos e procedimentos desenvolvidos sob o patrocínio do programa SAFE da National Agricultural Aviation Association. A palavra SAFE é uma sigla para “Self-regulating Application and Flight Efficiency”, Eficiência de Voo e Aplicação Auto-regulatória. Este equipamento sofisticado, acoplado a um computador portátil, pode dar ao operador da aeronave uma imagem quase perfeita da faixa de pulverização de seu avião.
A espinha dorsal da Operação SAFE são as clínicas de calibração realizadas em todo o país. Estas são realizadas por pessoal treinado, geralmente de faculdades vizinhas, estações agronômicas experimentais ou do serviço cooperativo de extensão. Os representantes das principais empresas agroquímicas participam frequentemente, devido ao seu interesse na aplicação segura e eficiente dos seus produtos. A análise instantânea dos padrões de pulverização pode ser realizada e medidas corretivas tomadas em campo. Muitas vezes, um operador pode melhorar a qualidade da aplicação de seu avião com pouco ou nenhum gasto.

Centro: Ayres Thrush, S2R, T34/510, aeronave à turbina com motor P&WC de 750 HP, pulverizando.
Abaixo: Cessna Ag-Truck, pulverizando.
A mudança mais fascinante e evidente na aviação agrícola envolveu as aeronaves em si. Novos modelos magníficos com motores a turbina, bem como modelos de grande porte com motores a pistão apareceram. Entre os turbinas estão os Air Tractors, o Ayres Thrush, o Weatherly e o Schweitzer Ag-Cat, equipados com motores da série Pratt & Whitney PT6 que variam de 500 a 750 cavalos de potência. No campo dos motores a pistão estão o Ayres S2R-1820 Bull Thrush com o motor radial Wright 1820 de 1.200 cavalos de potência e o M18 Dromader da PZL-Melex, com motor radial ASZ-62-IR de 1.000 cavalos de potência.
O desempenho surpreendente destas máquinas está mudando a face da aviação agrícola em áreas com grandes lavouras. Um avião à turbina pode desfolhar 100 hectares de algodão com um volume de aplicação de 50 litros/hectare em pouco menos de uma hora. Ao preço de apenas US$ 7,50 por hectare, isso equivale a uma receita de cerca de US$ 1.500 por hora para a aeronave, uma quantia impressionante.
A reputação de “picaretas” conquistada por alguns dos pioneiros do setor foi abandonada para sempre. Hoje, espalhadas por toda a América, existem empresas já na segunda ou terceira gerações de operadores, com raízes profundas nas suas comunidades. Hoje, o público em geral reconhece a aviação agrícola como um segmento vital e bem aceito da agricultura.
Muito tem sido dito pelos porta-vozes da aviação agrícola sobre a atividade e o seu propósito. Certamente, os aviadores agrícolas pretendem tornar-se engrenagens responsáveis e necessárias na economia do país.
No entanto, a verdade é mais complexa. As pessoas envolvidas nesta fascinante atividade são de um tipo diferente!
Se tivessem entrado em cena há 100 anos, teriam sido os pioneiros que desbravaram o Velho Oeste, lutaram e subjugaram os pântanos infestados de febre do Sul, ou transformaram as intermináveis pradarias do Centro-Oeste no celeiro do mundo.
O próprio avião sempre foi um fator motivador. Para muitos pilotos agrícolas, um amanhecer de verão nunca é mais bonito do que quando visto através das pás de uma hélice Hamilton-Standard girando. E nada é tem tanta sensação de realização como descer por cima de um mato e entrar no último “tiro” do dia.
Tudo o que realmente separa o piloto agrícola moderno de seu antecessor de 1924 é um aumento na potência e uma mudança de roupa. O cachecol de seda e as botas engraxadas desapareceram com o vento, mas a sensação continua exatamente a mesma.
Em Tchula, Mississippi, Bob Gunn, de 74 anos, ainda dirige a sua própria empresa e voa todos os dias. No ano de 1984, completou sua 50ª safra como piloto agrícola na ativa. “Não consigo pensar em nenhuma outra atividade”, diz ele, “na qual preferiria estar envolvido durante estes últimos 50 anos e, acredite, eu ainda não parei!”
Ele fala por todos os pilotos agrícolas.
Nota do Tradutor: Aqui terminamos esta história dos primeiros dias da aviação agrícola americana. Mabry Anderson terminou de escrever este livro em 1985. Naquela época, ninguém imaginava que o GPS poderia ser usado para a orientação das faixas de pulverização, e com uma precisão muito superior às demais técnicas usadas antes. Tivesse testemunhado esta revolução, certamente o autor concluiria que o principal fator separando “o piloto agrícola moderno de seu antecessor de 1924” é o GPS – mais do que a roupa ou a potência de sua aeronave.
