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Papo de Cabine – Lembrando o Sr. Leland

Como você deve saber, a Air Tractor está celebrando seu 50° ano como fabricante de aviões agrícolas. Este é um marco impressionante para qualquer empresa. Parece estar havendo uma quantidade inusitada de aniversários de 50 anos na aviação agrícola este ano, incluindo os meus 50 anos como piloto.

A Air Tractor começou sua jornada não como “Air Tractor”, mas como Snow Aeronautical Company, por conta de seu fundador, Leland Snow. Isto foi no final dos anos 50, quando ele se mudou do sul do Texas para a cidade de Olney, também no Texas. Ele então vendeu a sua empresa para a Rockwell-Standard. Os modelos Snow S-2A e S-2B passaram a ser Thrush, e mais de 500 destes aviões projetados por Snow foram produzidos. Quando a Rockwell mudou a empresa em 1970 para Albany, na Georgia, Mr. Leland se demitiu e formou a Air Tractor em Olney. O resto é história, enquanto a Air Tractor iniciava sua jornada para se tornar o avião agrícola mais popular hoje em dia.

Enquanto Mr. Leland estava construindo os primeiros modelos da série AT-300 da Air Tractor, nos meados da década de 1970, eu estava iniciando minha carreira na aviação agrícola em um Pawnee 235 em  Dawson, Georgia. No inverno de 1980, passei de um Ag-Cat Model B de 600 hp para um avião agrícola a turbina, mais produtivo. As opções na época eram um Turbine Thrush de 400 galões (1.500 litros) ou possivelmente um Air Tractor. Eu sabia que eu queria o confiável motor P&W PT6A; porém, na época ele não estava disponível nos Air Tractor. Assim a decisão estava pronta para mim: um Turbine Thrush zero, com o recém lançado motor PT6A-11AG, número de série 1.

Mr. Leland e eu nos tornamos bons amigos, mas compreensivamente só depois que eu passei a dar cobertura nacional para a Air Tractor. Desde então, a Air Tractor e Mr. Leland sempre apoiaram nossa publicação, pelo que tenho muita gratidão a eles.

Lembro-me que após várias entrevistas, em uma ocasião, ele me explicou como a sua política de preços funcionava. Ele me disse que se você ajustar seus preços por um pequeno percentual a cada ano, em linha com a sempre presente inflação, seus clientes dificilmente reclamariam. Aqueles que o faziam geralmente eram os que estavam por deixar de ser seus clientes de qualquer forma. Mas se você não ajustasse seus preços anualmente e deixasse vários anos passarem, um dia você teria de aumentá-los drasticamente. Ele me disse que isso poderia facilmente levar a perda de clientes – um ótimo e correto conselho.

Em outra ocasião, Mr. Leland ligou para meu escritório. Um pouco surpreso de receber uma ligação dele, atendi o telefone. “Bill, aqui é Leland. Eu queria falar com você sobre suas fotos em AgAir Update”. Eu não conseguia imaginar onde essa conversa iria. Mas é claro, eu disse “Sim, vamos conversar”.

Mr. Leland disse, “Notei nas fotos que você tira dos meus aviões que a hélice parece estar parada em voo”. O que ele quer com isso, eu me perguntava. “Acredito que seria melhor se você publicasse estas fotos com a hélice girando”, ele explicou. Puxa, eu não tinha pensado nisso. Era um pedido fácil de atender e eu o fiz com prazer! (Neste momento, nosso editor Ernesto Franzen está pensando no que ele vai fazer quanto à foto de capa desta edição).

Aí houve aquela vez que ele me levou para dar uma volta em seu Lincoln Continental 1996. Lembro disso muito bem porque ele era exatamente da mesma cor e modelo que o carro que meus pais tinham na época. Devo dizer que Mr. Leland e meu pai nasceram no mesmo ano. 1930? Que coincidência.

Durante aquele passeio, Mr. Leland  me explicou que aquele carro indicava no painel os quilômetros por litro que ele estava fazendo. Ele então se esforçava para aumentar estes quilômetros por litro, mudando suas técnicas de direção. Aquela volta de carro não teve nada a ver com aviação agrícola, exceto talvez por destacar seu desejo inato de ser tão eficiente quanto possível, uma coisa que ele levou para seus projetos aeronáuticos.

Já se passaram 12 anos desde que Leland Snow faleceu. Não parece ter sido há muito tempo, mas isso é o que acontece quando você envelhece; o tempo passa rápido. Ele faleceu enquanto fazia sua corrida, aos 80 anos de idade. Pouco tempo antes de falecer, Mr. Leland me perguntou qual era o meu ritmo de corrida. Eu disse para ele qual era o meu ritmo médio. “Bill, esse é um ritmo muito bom”, ele falou. É claro, eu tinha apenas 50 e alguma coisa na época. Ele nunca me disse qual era o ritmo de corrida dele. Penso nele frequentemente nestes dias, quando eu caminho em um ritmo razoável. Não me falta muito para os 80!

Até o mês que vem, Keep Turning…

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