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PZL-M15 – “BELPHEGOR” – O Demônio Aeroagrícola Soviético

O PZL M-15 foi um avião nada convencional, por sua aparência bizarra, seu desempenho e seu cancelamento final, após ser a única aeronave agrícola a jato jamais fabricada. Projetado pela fabricante polonesa WSK PZL Mielec, o M-15 foi desenvolvido no início dos anos 1970, quando a União Soviética começou uma pesquisa para substituir o amplamente utilizado biplano de motor radial Antonov An-2 na tarefa de aplicação aérea. Os soviéticos pretendiam ter um avião agrícola mais moderno e especificamente projetado para sua extensa agricultura estatal, posto que o AN-2 era um avião de uso geral adaptado para a aplicação aérea.

Em 1971, representantes da União Soviética entraram em conversas com a WSK PZL-Mielec, articulando seu desejo por esta nova aeronave. Como já tinha produzido a versão agrícola do Antonov An-2R  sob licença, a  WSK PZL-Mielec tinha experiência no projeto de aviões agrícolas.

Reconhecendo o valor de manter as características de sucesso do AN-2, os engenheiros chefes Kazimierz Gocyła e Riamir Izmailov embarcaram na tarefa do projeto. Ansiosos por exibir superioridade sobre o ocidente, os soviéticos determinaram a incorporação da mais recente tecnologia e de um motor a jato. Os engenheiros perseveraram, apesar do desafio de integrar um motor a jato em um avião agrícola projetado para baixas velocidades.

Eles selecionaram o motor turbofan Ivchenko-Progress AI-25 para ser incluído no projeto do M-15 o mesmo motor usado no trijato comercial Yakovlev Yak-40. O M-15 fez seu primeiro voo em 30 de maio de 1973, seguido por um segundo protótipo oito meses depois, e os anos subsequentes envolveram rigorosos testes e constantes críticas da comunidade aeroagrícola por ele não atingir as mesmas capacidades do AN-2.

O M15 foi apresentado no Paris Air Show em 1976, ganhando da imprensa ocidental o apelido de “Belphegor” (um demônio mitológico conhecido por ajudar pessoas a fazer descobertas), por sua aparência peculiar e seu alto nível de ruído.

No mesmo ano, sua produção se iniciou com a expectativa de atingir 3.000 unidades na União Soviética, porém, a incorporação do motor a jato no M-15 aumentou seu custo de produção em relação ao AN-2. Ele também se mostrou mais caro para operar, mais pesado e com apenas metade da autonomia de seu antecessor.

A natureza do trabalho aeroagrícola exigia manutenções adicionais, devido às condições operacionais das pistas. Além do mais, os pilotos de AN-2 precisavam de um treinamento especializado para fazer a transição para o M-15, o que complicava a substituição do AN-2 pelo M-15.

Apesar de ter sido oferecido para exportação, o M-15 foi usado exclusivamente na URSS, com sua produção cessando abruptamente em 1981, após apenas 175 aviões terem sido construídos. O M-15 falhou em substituir o AN-2, dado que este ainda era mais adequado para a aplicação aérea. Pela metade dos anos 1990, apenas alguns poucos M-15 ainda estavam em operação, refletindo a baixa aceitação do avião e sua inadequação para seu uso pretendido. Seja como for, o M-15 continua sendo até hoje o único avião agrícola a jato construído, além de ser o único biplano a jato jamais feito e de ter o título de mais lento avião a jato produzido em massa no mundo.

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