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Por que a Aviação Agrícola é Essencial no Agronegócio?

Assistir um avião agrícola sobrevoando um campo de trigo ou de cevada é simplesmente incrível. Como também o é, ver essas máquinas protegendo os cultivos de soja, batata, milho, algodão, mandioca, arroz, banana, amendoim ou cana-de-açúcar.

Perceberam que em todas as culturas são possíveis tratos culturais aéreos?

Minha convicção em relação a qualidade da aplicação aeroagrícola é inabalável! Há muitos anos vivo no campo, e observo ganhos importantes econômicos e agronômicos que as aplicações aéreas proporcionam.

No entanto ainda vemos muitas faculdades de agronomia completamente desconectadas deste modal operacional. E muitas cooperativas agrícolas, que são a locomotiva do agronegócio brasileiro, igualmente desinteressadas ou simplesmente sem visão do quanto esta tecnologia de aplicação pode somar com os seus associados.

É preciso romper com esta dicotomia, com esse gap, e tornar a aviação agrícola algo comum e rotineiro neste meio.

Não é concebível imaginar uma lavoura tecnificada que não faz uso da aplicação aérea de defensivos, fertilizantes e de coberturas.

O mercado disponibiliza aviões de diferentes tamanhos para atender demandas distintas. Helicópteros e drones igualmente. Estas máquinas voadoras – cada uma a seu modo – podem cumprir missões equivalente a um… dois… três… quatro autopropelidos. E dependendo da área (topografia), até mais.

O rendimento de um avião médio como o Ipanema, pode ser entre 70 e 130 hectares/hora. De um turbo, entre 130 e 300 hectares/hora. Eventualmente, até mais.

As operações podem ocorrer em seguida às chuvas, com o solo encharcado – já que a aeronave não toca o chão; sobre cultivos mais densos sem causar danos mecânicos; de maneira rápida e certeira. O controle de insetos quando realizado por via aérea é superior!

Uma conta bem simples, apenas para entendermos a lógica do tratamento aéreo, nos mostra alguns ganhos econômicos diretos. Veja: a contratação do serviço aeroagrícola pode ter um custo ao redor de R$ 80,00 – R$ 100,00/hectare (a variação se deve em função da distância da pista com a área que será tratada, e o tamanho do serviço – hectares que serão voados) …o amassamento causado por um pulverizador terrestre pode variar entre 3% e 8%. Numa área de soja, a relação seria: 75 sacas de soja x 4%= 3 sacas a R$ 125,00 por saca = R$ 375,00. As perdas por amassamento equivalem a 4 aplicações aéreas em média no mercado do sul do Brasil (Paraná/Santa Catarina/Rio Grande do Sul).

Algumas regiões onde a aviação é tradicional, os valores surpreendem ainda mais em favor do produtor. E, quando consideramos o custo por hectare de um avião próprio da fazenda, as vantagens para o agricultor são ainda maiores.

Então, se os serviços aeroagrícolas são eficazes agronomicamente e mais baratos, por que em algumas regiões não vemos as máquinas aéreas desfilando sobre os campos?

Ora, porque não existe nestas uma cultura aeronáutica… não há um ponto de disseminação da tecnologia. Não existe quem fomente a ferramenta de maneira simples e objetiva.

Daí a importância de as faculdades de agronomia serem instigadas a entrarem nesse mundo dos aviões, helicópteros e drones agrícolas. São os pesquisadores e professores destas Instituições e os seus egressos que recomendarão (ou não) o uso da aviação pelo campo.

É impossível para os fabricantes chegarem a todos os pontos, todos os rincões…

Lembremos que dentro da porteira, muitas vezes, uma máquina é comprada com o “coração” e não com a “razão”. O agricultor gosta de tratores…de plantadeiras…de colheitadeiras…isso está no seu DNA. Já um avião agrícola é algo menos comum para ele, menos palpável, menos próximo. Muitos imaginam que o avião é uma ferramenta apenas para áreas gigantes, para fazendas sem fim…e isso não corresponde com a realidade. São máquinas agrícolas usáveis em áreas menores, tanto quanto àquelas que ele desde criança está acostumado a conviver.

Dependendo da realidade da propriedade, da sua logística, trabalhar com serviços terceirizados é um caminho natural e racional. Outras, por questões pontuais próprias, há preferência por dominar toda a operação, neste caso, a lógica é ter seu próprio avião.

O importante nesta história é olhar para a aviação agrícola como uma estratégica e necessária ferramenta de manejo, tanto quanto é o trator e a plantadeira.

Bons voos a todos!!!

 

Jeferson Luis Rezende

Piloto agrícola, Instrutor de Voo.

Presidente do Aeroclube de Guarapuava/CIAC.

Foi membro do NATA/PR-UNICENTRO.

RTV da INQUIMA.

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