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Aero Agrícola Pretel – Operando com Asas Rotativas no Sudeste 

Em nossa capa: um Robinson R44 da Aero Agrícola Pretel testa seu sistema de pulverização junto a um heliponto da empresa.

São raras as empresas aeroagrícolas operando asas rotativas no Brasil, seja porque o equipamento é mais complexo e, portanto, mais caro para operar ou porque há muito poucos pilotos de helicóptero agrícola no Brasil – mais sobre isso mais adiante. Fomos encontrar uma destas raras empresas, a Aero Agrícola Pretel, na pequena cidade de Taquarituba, interior de São Paulo.

Diego Pretel nasceu em uma família de produtores rurais em Taquarituba. As lavouras de sua família precisavam de aplicações aéreas, o que ele decidiu fazer ele mesmo. Inicialmente, ele cogitou adquirir um avião agrícola de pequeno porte, mas depois de ouvir falar em aplicações aéreas por helicópteros, e sabendo que a região de Taquarituba tem predominantemente terrenos dobrados e com muitos obstáculos, chegou à conclusão de que um helicóptero agrícola atenderia melhor às suas necessidades de aplicação aérea. Tenha em mente que neste momento Diego ainda nem sequer era piloto; somente depois de decidir que um helicóptero seria a melhor solução para suas necessidades de aplicação aérea é que ele fez os curso de piloto de helicóptero, privado e comercial, e depois se formou no curso de piloto de helicóptero agrícola da Climb Aircraft Division, em Monte Mor, São Paulo (veja AgAir Update, agosto de 2016).

Em 2017, Diego comprou seu primeiro helicóptero Robinson R44 e o equipou com sistema de pulverização. Para ajudar a compensar os custos, ele decidiu oferecer seus serviços de aplicação aérea para outros agricultores da região; assim ele fundou a Aero Agrícola Pretel em um hangar que construiu ao lado da casa de sua família na zona rural de Taquarituba – ele literalmente vai a pé para o trabalho todos os dias! Porém, para não ter defensivos agrícolas próximos à casa de sua família, a Aero Agrícola Pretel mantém outro heliporto a poucos quilômetros de distância, de onde seus helicópteros operam e são lavados antes de retornarem para o hangar na residência.

A demanda por serviços de aplicação de outros agricultores cresceu rapidamente, e a Aero Agrícola Pretel acabou comprando um Robinson R44 a cada ano desde então. Diego afirma que esse sucesso se deve à qualidade de suas aplicações; capaz de pulverizar a velocidades que variam de 50 nós a zero, não há praticamente nenhum obstáculo que um helicóptero não possa contornar, enquanto que o downwash de seu rotor melhora a penetração do spray na cultura e reduz o risco de deriva.

Hoje, a Aero Agrícola Pretel possui sete Robinson R44 e um Airbus Esquilo AS350-B3e (este modelo hoje renomeado como Airbus H125). Este Esquilo destina-se a ser usado em operações de combate a incêndios com um Bambi Bucket, já que Diego diz que helicópteros a turbina têm problemas com poeira quando operam em ambientes agrícolas. Apenas quatro dos sete Robinson R44 são certificados e equipados para operações agrícolas, sendo os outros três mantidos como reservas. 

Os Robinson R44 da Aero Agrícola Pretel estão equipados com um GPS Travicar dotado de barra de luzes interna, ao lado do manômetro das barras.

Hoje em dia não se fabrica nenhum modelo de helicóptero especialmente projetado para aplicações aéreas. Ao invés, instala-se um sistema de pulverização em um helicóptero de modelo normal, como o Robinson R44. Embora isso possa diminuir um pouco a eficiência da aeronave na aplicação aérea, por outro lado, significa que ainda se pode usar o helicóptero para todas as suas outras missões normais, depois de se remover o equipamento de pulverização.

No caso dos Robinson R44 da Aero Agrícola Pretel, seu sistema de pulverização possui um tanque com capacidade para 284 litros de defensivos, preso à barriga do helicóptero. Nas baixas velocidades em que um helicóptero pode operar, não há pressão de vento relativo suficiente para acionar uma bomba eólica, e os motores Lycoming IO-540 usados ​​nos helicópteros Robinson não possuem tomada para bomba hidráulica, portanto, uma pequena motobomba a gasolina instalada no esqui de pouso esquerdo é usada para pressurizar as barras de pulverização, as quais tem bicos específicos para helicópteros, projetados para suas velocidades mais baixas. A abertura e o fechamento do spray são feitas por uma válvula bypass elétrica, acionada por um interruptor no controle do cíclico (o equivalente a um manche no helicóptero), já que os pilotos de helicóptero devem manter as mãos nos controles do cíclico e do coletivo o tempo todo.

Os helicópteros compensam as suas menores capacidades e velocidades mais baixas por poderem operar a partir de um helideck no topo de caminhão de apoio estacionado junto à lavoura, poupando os tempos de translado entre cargas. A Aero Agrícola Pretel possui cinco caminhões de apoio dotados de equipamentos de pré-mistura, tanques para 4.000 litros de água e tudo o mais que um helicóptero precisa para pousar em seu helideck, ser recarregado e reabastecido e voltar a pulverizar a lavoura no menor tempo possível. Diego diz que os clientes gostam de não precisar manter uma pista de pouso, nem se preocupar com derramamentos ou vazamentos de defensivos em equipamentos de pré-mistura nas suas terras.

Todos os helicópteros da Aero Agrícola Pretel ag são equipados com unidades GPS Travicar com barras de luz internas. Eles são pilotados por Diego e outros três pilotos, todos formados no curso de formação de Pilotos Agrícolas de Helicóptero da Climb Aircraft Division. A safra da Aero Agrícola Pretel vai de novembro a maio. Cerca de 60% das aplicações são em milho e soja, com os restantes 30% em cana-de-açúcar e 10% em eucalipto. Na cana-de-açúcar, 80% das aplicações da Aero Agrícola Pretel é a chamada “catação”, aplicações localizadas de herbicidas para controle de invasoras como a erva-de-viola e a mucuna, dado que as usinas de cana-de-açúcar frequentemente recorrem a aeronaves de asa fixa para as aplicações regulares. As aplicações de herbicidas são feitas a 30 litros/hectare, enquanto que as aplicações de inseticidas e fungicidas são feitas a 15 litros/hectare. A Aero Agrícola Pretel não faz aplicações de sólidos, e opera a até 300 quilômetros de sua base, o que é a autonomia de translado de seus helicópteros Robinson.

Como mencionamos no início, pilotos de helicóptero agrícola são escassos no Brasil, principalmente porque a Climb Aircraft Division encerrou as atividades de seu CAVAG, o qual era o único no Brasil formando pilotos agrícolas de helicóptero. Diego pretende resolver esse problema criando um curso de pilotos agrícolas de helicóptero na Aero Agrícola Pretel, em convênio com a AR Aviation School. Treinar e qualificar pessoal está no DNA da Aero Agrícola Pretel; a empresa apóia a realização de Cursos de Executor em Aviação Agrícola da Mossmann Consultoria em suas instalações, dado que também utiliza seus serviços de consultoria.

Diego Pretel está acompanhando atentamente os avanços feitos pela Rotor Technologies com o desenvolvimento do helicóptero pulverizador sem piloto Sprayhawk. Sendo já um operador do helicóptero Robinson R44 no qual o Sprayhawk se baseia, esta tecnologia seria de fácil implantação em sua empresa já progressista. Com a capacidade de Diego de enfrentar desafios – como montar uma empresa aeroagrícola de asas rotativas a partir do zero – não será uma surpresa se a Aero Agrícola Pretel liderar o caminho no futuro para outras aeroagrícolas operando asas rotativas no Brasil.

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