Há alguns anos escuta-se falar do potencial da utilização de drones na agricultura, porém, muitos especialistas no assunto e profissionais do setor acreditavam se tratar de uma tecnologia ainda distante. Pois bem, chegou o momento onde a comercialização e a utilização de drones voltados para a agricultura está em alta; muito se vê em feiras, congressos e publicações voltadas ao agronegócio.
Dentre seus atrativos estão o valor baixo de aquisição e manutenção (especialmente comparando-se com a aviação), possibilidade da aplicação de agricultura de precisão e legislação mais branda. Como exemplo, a distância mínima para aplicação próximo de povoações, cidades, vilas, bairros, moradias isoladas, agrupamentos de animais, de mananciais de captação de água para abastecimento de população, inclusive reservas legais e áreas de preservação permanente são de 20 metros. Enquanto para aeronaves o mínimo são 500 metros e 250 metros, respectivamente.
Talvez a maior vantagem seja a segurança, onde a vida do piloto não está em risco e haveria apenas o dano financeiro, que ainda assim, é menor ao comparado a uma aeronave.
Mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido. A legislação voltada aos drones ainda é rasa, com poucas especificações. O mercado ainda não está preparado pois centros de manutenções ainda são poucos e as bulas dos defensivos agrícolas ainda estão em adaptação. O mesmo para o receituário agronômico. O equipamento possui um baixo rendimento, aplicações com vazões altas ainda são inviáveis e a carga útil a ser carregada também é limitada.
No mercado, os modelos mais utilizados podem carregar de 30 a 40 litros e utilizam baterias, que têm sua duração de aproximadamente 10 minutos por voo. No quesito qualidade, já existem estudos e trabalhos científicos publicados onde exaltam a qualidade e a precisão da aplicação aérea realizada com drones. Segundo uma pesquisa da Embrapa Soja, mesmo com um baixo volume de calda por hectare, a pulverização se demonstrou eficaz tanto no controle químico do percevejo quanto no controle biológico da lagarta-falsa-medideira.
Portanto, mesmo com desafios e pontos a serem melhorados, a eficácia dos equipamentos demonstra otimismo para o setor, que está se consolidando cada dia mais.
O crescimento tecnológico exponencial é inegável, acredita-se que não vá demorar muito a ter equipamentos no mercado que atendam perfeitamente a demanda e as necessidades do agronegócio.
É importante destacar que o drone não é um concorrente do avião!
Ainda é incomparável o rendimento e o tipo de serviço realizado, mas deve ser observado como um complemento para áreas onde o avião não consegue chegar. Considerando suas vantagens e desvantagens, a utilização do drone para fins de pulverização deve ser encarado como uma integração com a pulverização aérea do avião. Sendo assim, utilizada para áreas estratégicas e pontuais.
Devido ao grande avanço, estamos na era da agricultura 4.0, incorporada pela automação e a conectividade. Com essa modalidade em ascensão, é interessante que os profissionais de aviação agrícola possam se especializar a fim de ganhar espaço nesse mercado, além de acompanhar uma demanda do mercado, e não deixem de atender áreas devido às limitações ou restrições.
Com a vasta experiência em pulverização aérea, o olhar agronômico e o respeito às boas práticas, os profissionais oriundos da aviação agrícola poderão ser os que elevarão a qualidade da aplicação. E assim, avançamos.