A Embraer comemorou 20 anos da certificação do Ipanema EMB-202A para o uso do etanol combustível pela ANAC. Originalmente emitida em 19 de outubro de 2004, esta certificação fez do Ipanema EMB-202A o primeiro avião civil de produção em série no mundo a usar etanol como combustível.
Na verdade, desde 1985 que o Centro Técnico Aeroespacial, o braço de pesquisa tecnológica da Força Aérea Brasileira, vinha testando versões do motor Lycoming IO-540-K1D5 com etanol combustível, dado que era (e ainda é) utilizado pelo avião de treinamento Universal T-25, construído pela Neiva, uma subsidiária da Embraer, para a FAB. Por uma feliz coincidência, era o mesmo motor usado pelo Ipanema desde a versão EMB-201 até a 202A. Assim, em 2004 já haviam pesquisas suficientes indicando que o etanol não afetava a durabilidade daquele motor, além de melhorar um pouco o desempenho, dos 300 HP originais para 320 HP.
Desde então, conforme o site da Embraer, mais de 570 Ipanemas a etanol foram fabricados. A fábrica também ofereceu um programa de conversão para as versões mais antigas do Ipanema que usavam o mesmo motor, mas a medida em que os motores a etanol se mostravam tão confiáveis quanto seus originais a gasolina, a ANAC simplificou a regulamentação para conversão de motores de aviões agrícolas para o etanol, e muitas oficinas Independentes passaram a oferecê-las.
No Brasil, o etanol é usado como combustível automotivo desde 1979, em resposta à crise do petróleo de 1975, daí sua ampla disponibilidade. Até recentemente, todo o etanol no Brasil era feito a partir da cana-de-açúcar, mais barato do que o etanol de milho. Mas novas tecnologias tornaram o etanol feito a partir de milho, e mesmo do trigo, viáveis economicamente. Assim, mesmo regiões que não produzem cana-de-açúcar agora podem produzir etanol. Como o etanol tem menos energia térmica do que a gasolina, o consumo de um motor a etanol aumenta em torno de 30%. Porém, isto é mais do que compensado pela diferença no seu custo, entre 25 a 30% do preço da avgas no Brasil. O etanol também tem uma maior octanagem (daí o aumento de potência) e é muito mais ambientalmente amigável, sendo plenamente renovável e totalmente sem chumbo.
O menor custo e a ampla disponibilidade do etanol deram uma nova vida aos aviões agrícolas a pistão do Brasil. Graças ao etanol, um avião agrícola a pistão pode competir com um turbina nas lavouras menores. O sucesso do Ipanema a etanol levou a conversões de outros motores, como os Continental IO-520 e IO-550 usados pelos Cessnas da série C-188 e até mesmo do Pratt & Whitney R-1340 usado no Air Tractor AT-401B e nos Thrush radiais.
Com a redução de custos operacionais pelo uso do etanol, o Ipanema EMB-202A teve um crescimento em sua produção, sendo substituído em 2016 por uma versão melhor e mais produtiva, o Ipanema EMB-203, o qual permanece forte no mercado brasileiro.