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Rambo Aviação Agrícola

Não, eles não são fãs do personagem de filmes de ação – Rambo é o nome da família. Mas ao longo da história da empresa, eles demonstraram uma resiliência semelhante à do guerreiro do cinema, como veremos.

Natural do Paraná, o patriarca da família Anselmo Rambo mudou-se para Mato Grosso em 1984, e em 1992 estabeleceu-se com seus três filhos – Juliano, Cristiano e William – na cidade de Primavera do Leste. Juliano e William Rambo, respectivamente o irmão mais velho e o mais novo, foram os primeiros a se envolver com a aviação agrícola, ambos trabalhando como técnicos para uma aeroagrícola de Primavera do Leste para pagar seus cursos de piloto. Juliano tornou-se piloto primeiro, enquanto William obteve sua licença de piloto privado em 2002, e em 2005 cursou seu CAVAG no Aeroclube de Ponta Grossa, no Paraná. Nesse mesmo ano, William reuniu-se novamente com o irmão Juliano, ambos voando para a mesma empresa onde anteriormente haviam trabalhado como técnicos. 

Apenas um ano depois, em 2006, Juliano e William deixaram aquela aeroagrícola e iniciaram uma parceria com um grande produtor rural perto de Primavera do Leste, voando exclusivamente para ele com um Cessna Ag Truck e um Ipanema 201A. No ano seguinte, compraram um EMB-202 ano 1994, que passou a ser o avião pessoal de William até a chegada do primeiro turbina. Este Ipanema permanece na frota da Rambo até hoje.

Em 2012, os irmãos Rambo operavam quatro Ipanemas para aquele produtor agrícola, pilotados por Juliano, William e um piloto contratado (sendo o quarto Ipanema mantido como reserva), quando a tragédia aconteceu: Juliano sofreu um acidente muito grave durante uma aplicação. Ele sobreviveu por pouco, e ficou impossibilitado de trabalhar devido às sequelas. Algumas famílias atuando na aviação agrícola mudariam de ramo após tal evento, mas não os Rambos. Cristiano, o irmão do meio, assumiu o lugar de Juliano ao lado de William, e em 2013 eles adquiriram dois Air Tractors AT-502, os quais substituíram dois dos Ipanemas.

Dois anos depois, em 2015, a família Rambo decidiu que deveriam voar para outros clientes e assim fundaram a Rambo Aviação Agrícola, com seus dois Air Tractors AT-502 e três Ipanemas EMB-202.

Com sede no aeroporto de Primavera do Leste, a Rambo Aviação Agrícola logo em seu início teve que lidar com uma redução no mercado local para operadores aeroagrícolas. Antes sede de 14 empresas aeroagrícolas, hoje o Aeroporto Primavera do Leste conta com apenas quatro destas ainda ativas. Isto porque, a partir de 2008, a maioria das fazendas na região com mais de 5.000 hectares passou a adquirir e operar os seus próprios aviões agrícolas, reduzindo o mercado para as aeroagrícolas prestadoras de serviço. Enquanto muitas delas fecharam as portas ou se mudaram para outras áreas, os Rambos decidiram por uma estratégia diferente, espalhando-se por outras regiões e enviando os seus aviões agrícolas para onde quer que houvesse lavouras a serem pulverizadas, mantendo a sua base em Primavera do Leste. 

Assim, já em 2016, a Rambo Aviação Agrícola passou a atuar no Vale do Araguaia e na região do Xingu, em áreas entre 300 e 800 quilômetros ao leste e nordeste de Primavera do Leste. E em 2019, a Rambo Aviação Agrícola abriu uma base remota em Confresa, cidade no nordeste de Mato Grosso, a 800 quilômetros de Primavera do Leste.

Hoje, a Rambo Aviação Agrícola atua em todo o leste e sul do estado de Mato Grosso, bem como no nordeste do estado, e chega até a algumas áreas no sul do Pará.

Quando se avalia a evolução de sua frota, percebe-se que essa estratégia valeu a pena. A Rambo Aviação Agrícola praticamente acrescentou um avião agrícola à sua frota a cada ano. Em 2019, a Rambo adquiriu seu primeiro Air Tractor 502XP, e em 2020, quando já contava com quatro Air Tractors e três Ipanemas, a Rambo Aviação Agrícola comprou outra empresa, a Agrisul Aviação Agrícola, agregando o Air Tractor AT-402B e o Ipanema EMB-202 daquela empresa à frota total da Rambo. Em 2020, a Rambo Aviação Agrícola também comprou seu primeiro Ipanema EMB-203.

Hoje, a Rambo Aviação Agrícola opera 19 aviões agrícolas: seis Air Tractors AT-502, quatro AT-502XPs, um AT-402B e oito Ipanemas – seis EMB-202 e dois EMB-203. William gosta muito do Air Tractor AT-502XP por sua maior produtividade, já que algumas das áreas onde a Rambo opera estão a mais de 2.000 pés acima do nível do mar. Ele também elogia os Ipanemas, especialmente o mais recente EMB-203, tanto por serem mais adequados para áreas menores quanto por serem bons aviões de entrada para novos pilotos. A maioria dos aviões da Rambo Aviação Agrícola possui sistemas agrícolas da Zanoni, com uns poucos estando equipados com sistemas Travicar. Todos eles estão equipados com unidades GPS da Ag-Nav, à exceção de um deles que possui um GPS Travicar. 

A Rambo Aviação Agrícola trata principalmente algodão e soja, com um pouco de milho, arroz, girassol e chia. A maioria das aplicações é feita a 10 lts/ha, usando atomizadores rotativos Microspin. Bicos Travicar TT09 são usados ​​para as poucas aplicações feitas em vazões mais altas. A safra da Rambo Aviação Agrícola começa em outubro com aplicações na soja, enquanto que as aplicações de algodão começam em janeiro. As aplicações no milho começam em fevereiro e vão até maio, sendo que os tratamentos no algodão são realizados até o mês de julho. 

Na entressafra, a Rambo Aviação Agrícola realiza missões de combate a incêndios para proprietários privados, e para isso equipou um de seus Air Tractors AT-502 com uma comporta de combate a incêndios da Turbine Conversions.

Os aviões da Rambo Aviação Agrícola só retornam à base da empresa, no Aeroporto Primavera do Leste, para manutenção, passando a maior parte do tempo em bases remotas ou em pistas de pouso de clientes. Isso requer uma rede de apoio de 17 caminhões, seis picapes e tanques de combustível em algumas das pistas dos maiores clientes. Ajuda o fato de o patriarca da família, Anselmo Rambo, operar uma empresa de transporte rodoviário. A Rambo Aviação Agrícola costumava apoiar os Ipanemas com picapes, mas agora está substituindo estas por caminhões maiores. William diz que um caminhão pode transportar combustível suficiente para um Ipanema voar 50 horas – que é o tempo entre revisões do Ipanema, quando então ambos retornam à base. 

Com uma operação tão grande, não é de admirar que William Rambo tenha decidido parar de voar agrícola para se dedicar à administração da empresa. Desde 2020, ele voa agrícola apenas ocasionalmente. Mas ele possui um avião acrobático Extra 300, sendo muito ativo na área de competições acrobáticas.

Ao relembrar a história da empresa, William Rambo disse, “Queríamos chegar a dez aviões, mas já estamos em dezenove”. Diante da trajetória da empresa, fica claro que, com a ajuda do irmão Cristiano e do pai Anselmo, a estratégia de espalhar geograficamente as operações da Rambo Aviação Agrícola funcionou muito bem para eles.

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