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Aplicação de Defensivos com Drones

O surgimento das aeronaves autônomas, ou drones, têm criado um rebuliço no meio agrícola, tanto pelas promessas dos vendedores que todos os problemas operacionais estão resolvidos… como pela realidade agronômica.

Vamos aos fatos: os drones agrícolas vieram da adaptação das aeronaves que realizam imagens. Ainda não possuem pontas de pulverização ou aspersores rotativos específicos para aplicações aéreas. Mas, estão evoluindo rapidamente, melhoraram muito desde a chegada ao mercado, e cumprem bem a missão de compor com os equipamentos tradicionais terrestre e aéreo, seu papel.

O grande gap tem sido as promessas exageradas por parte daqueles que disseminam a tecnologia ou vendem os equipamentos: você não terá mais amassamento na sua lavoura; pode aplicar com faixas de 10m…12m… e até mais; você irá trabalhar com taxa de aplicação de 5 L/ha sem problema…são substitutos dos equipamentos tratorizados e dos aviões.

Isso não corresponde com a realidade! Não é porque você usa um drone que poderá realizar 100% dos tratamentos da sua lavoura. Alguns terão que ser por outras vias, seja pelo aspecto da calda ou pelo risco de deriva. As faixas seguras de aplicação dos drones maiores gira em torno de até 10m, ou seja, faixas acima disso não vão entregar uma cobertura homogênea e uma profusão agronômica adequada sobre o dossel foliar. Vale lembrar neste aspecto, que nas regiões onde a topografia não é privilegiada, as faixas devem se limitar a 8m. Taxa de aplicação: é fato público, que aviões aplicam eventualmente taxas de 5 litros por hectare, de inseticidas em especial, e em alguns casos de glifosato. Mas são operações específicas, limitadas. Tamanho de gotas: as aplicações aéreas devem ser realizadas com tamanho de gota ao redor de 250 micrômetros. Isso para evitar a presença de gotas muito finas que serão perdidas por evaporação ou deriva, e ao mesmo tempo, para se manter qualidade na cobertura e profusão. Finalmente: os drones ainda não estão prontos para substituírem aviões ou autopropelidos. Seu papel é o de somar esforços com essas máquinas. A sinergia entre eles deve ser o ponto. Seja por capacidade de carga ou por limitações técnico-agronômicas ainda, estas pequenas máquinas precisam respeitar suas limitações.

Por outro lado, é importante frisar que quando bem usado, operado com domínio e respeito às condições ambientais, os drones conseguem realizar muito bem a sua missão.

Então, depois de termos acompanhado em campo várias aplicações com drones, e termos realizado o IFD em parceria com a AGROEFETIVA/INQUIMA e a FAPA/AGRÁRIA, com a colaboração da Innova drones, pudemos entender melhor os aspectos desta aeronave e da sua aplicação. Fizemos aplicações noturnas com rastreadores, lado a lado com um pulverizador terrestre. O drone não deixou a desejar, e obteve uma ótima cobertura. Cumpriu sua missão com louvor (faixa de 8m, taxa de 10L e 15L/hectare).

Os resultados neste evento, mostraram que em algumas situações a operação pode ser com faixa de 10m com segurança. Mas, o recomendado foi trabalhar com 8m a fim de se alcançar melhor assertividade agronômica, e ter o menor %CV (percentual de coeficiente de variação = ideal 15%).

Ponderar a respeito das virtudes e das limitações dos drones se faz importante nos dias de hoje, para que não condenemos essa ferramenta por mau uso ou uso irresponsável.

Todas as tecnologias existentes possuem seus prós e contras, seus pontos fortes e fracos, e algum tipo de limitação.

Não é razoável procurar um equipamento que substitua integralmente os demais. Isso é um risco, que não precisa ser tentado pelo produtor rural.

Neste momento, com as tecnologias disponíveis, temos aviões agrícolas que operam com diferentes tamanhos de tanque de produtos: desde 550 litros (Piper Pawnee) até 3.028 litros (Air Tractor 802) … helicópteros … autopropelidos de tamanhos distintos, para atender cada necessidade … e os drones.

Precisamos parar com comparações indevidas, descabidas, pensando considerar a substituição das máquinas convencionais pelos drones, porque isso não é factível. Ao menos ainda não nesse momento. Talvez no futuro.

O uso responsável do drone traz benefícios para a agricultura: ele poderá operar em locais onde um avião ou um autopropelido não o fará; pode ser usado para o controle de “reboleiras” ou ao longo de cercas; em áreas mais úmidas; e em pequenas lavouras ou florestas.

Dito isso, reiteramos que antes de adquirir um equipamento de pulverização, ou contratar, o produtor deve avaliar todos os pontos envolvidos… estrutura de apoio necessária… profissional capacitado para a operação… custo direto e operacional… capacidade de carga… viabilidade de uso na área…

Muitas vezes, trabalhar em parceria com operadores prestadores de serviço é a melhor de todas as opções. O melhor caminho, que entrega o menor custo total.

Boa Safra e Grandes Voos a todos!!!!

Por Jeferson Luís Rezende Piloto agrícola/INVA – membro pesquisador do NATA-PR/UNICENTRO. Presidente do Aeroclube de Guarapuava/CIAC. RTV Inquima.

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