M. B. “Dusty” Huggins
Paul Redfern, um famoso piloto de exibições, que acabaria por desaparecer sobre o Atlântico em 1927, durante uma tentativa de voar de Sea Island, Georgia, para o Rio de Janeiro, esteve em Timmonsville no início dos anos 1920. O jovem Dusty ficou fascinado!
Redfern pousou em um milharal que tinha sido recém colhido, e por vários dias fez voos panorâmicos e demonstrações aéreas. O jovem Dusty nunca voou com Paul. Sua chance viria mais tarde, quando Timmonsville foi visitada por outro piloto de exibições, Eric Williams, de Greenville. Aí Dusty não apenas fez seu voo, como também conseguiu poupar algum dinheiro e receber instrução duplo-comando de Williams.
Desde o início Dusty acreditava que voar deveria ser tão lucrativo quanto prazeroso, desde que um avião estivesse disponível. Sua primeira aquisição foi um avião de “sobra de guerra” de US$ 400 que ele nunca conseguiu fazer voar até Timmonsville! Posteriormente, ele conseguiu adquirir outro avião, numa troca pelo Ford Modelo T novo de sua esposa! Aparentemente, as coisas ficaram meio estremecidas no lar dos Huggins por algum tempo. A esposa ruiva de Dusty finalmente conseguiu ter outro carro, e Dusty nunca mais ficou sem um avião! Para esclarecer como as coisas ficaram na família Huggins, a senhora Huggins colocou uma placa na cozinha que dizia: “As opiniões expressadas pelo marido não são necessariamente as da administração!”
Dusty foi atraído para a aviação agrícola pela lendária Delta Air Service, e foi trabalhar para aquela empresa em 1937, sem receber nenhum treinamento prévio. Naquele verão, ele completou sua primeira aplicação, em uma enorme fazenda de algodão do Delta do Mississipi, próximo do Rio Mississipi. O lavoureiro, suspeitando das qualificações de Dusty, ficou assistindo toda a operação, agitando seus braços como fazendeiros costumam fazer. Mas de acordo com Dusty, quando a aplicação das cinco cargas terminou, o fazendeiro o parabenizou e comentou sobre sua perícia.
Após várias safras com a Delta, Dusty acabou de volta em Timmonsville, onde passou a operar o aeródromo local e organizou sua própria empresa aeroagrícola. Como muitos dos aplicadores aéreos pioneiros, ele migrava de acordo com as safras, especialmente para o Centro-Oeste.
Dusty Huggins tem o crédito de ter introduzido a aplicação aérea em várias regiões do Centro-Oeste, especialmente no fértil Vale do Red River, no Dakota. Ele viajava regularmente para aquela área, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, fazendo aplicações no trigo e em outras culturas com quaisquer defensivos que estivessem disponíveis naquela época.
Porém, foi só após a II Guerra que Dusty realmente teve sucesso no Vale. O então milagroso defensivo 2,4-D tinha sido recém lançado, e a Dow Chemical Company, que estava promovendo o produto, contratou Dusty para fazer um extenso trabalho experimental com ele no trigo do Vale do Red River. De acordo com o técnico da Dow Larry Southwick, Dusty fez todas as primeiras aplicações experimentais de 2,4-D, as quais foram um grande sucesso.
Dusty Huggins se tornou um herói no Centro-Oeste e os pilotos iniciantes olhavam para ele com admiração. Richard Reade, da Mid-Continent Aircraft, tem boas lembranças de Dusty: “Dusty foi meu primeiro herói da aviação agrícola. Eu costumava vê-lo trabalhando e jurava que um dia eu estaria lá fazendo a mesma coisa. Bem, finalmente aconteceu, mas eu duvido que eu tenha chegado a ter a mesma habilidade dele. Ele era um aviador nato, e não há muitos desses por aí!”
Como a maioria dos pilotos agrícolas pioneiros, Dusty teve sua cota de acidentes e destruiu alguns aviões. Felizmente, ele nunca saiu seriamente ferido de um acidente, apesar de ter batido em redes elétricas, colidido em voo com bandos de patos e até mesmo com uma enorme águia americana. A única vez que ele se machucou no trabalho foi quando ele escorregou e caiu da seção central da asa superior de um biplano, enquanto o abastecia. Este pequeno acidente o deixou com várias costelas quebradas e um ou dois dias de cama.
Dusty voou sua vida toda, mas não toda ela na aviação agrícola. Ele também foi um piloto e um tenente na South Carolina Law Enforcement Division, a polícia estadual da Carolina do Sul. Nessa função, ele procurava por alambiques de bebida ilega, perseguia criminosos em fuga e buscava por pessoas desaparecidas ou perdidas nas densas florestas e pântanos da Carolina do Sul. Pelo menos nove destas pessoas perdidas, que poderiam ter morrido não fosse por Dusty, são eternamente gratas a ele e seu pequeno Aeronca Champ por aparecer na hora certa no local certo. Ele certamente era uma pessoa nobre e um crédito para a aviação agrícola, a qual ele tanto fez para promover e perpetuar.
Nota do Tradutor: “Dusty” Huggins hoje é lembrado por um aeródromo com seu nome em Timmonsville, SC, o Huggins Memorial Airport (código FAA 58J), operado por membros da família Huggins.
(Continua no próximo mês)