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Inverdades Sobre o Setor Aeroagrícola Estão Sendo Derrubadas

O pesquisador Aldemir Chaim, da Embrapa Meio Ambiente – em Jaguariúna/SP, desmentiu a argumentação de que pesquisas suas dos anos 1999 a 2006 possam ser usadas para atestar qualquer risco da atividade aeroagrícola para as pessoas e o meio ambiente.

Exatamente o contrário do que tem sido colocado há anos em diversas teses acadêmicas que citam esse trabalho, bem como justificativas de projetos de lei contra o setor que usam indiscriminadamente essa pesquisa para tentar proibir o setor – inclusive a lei de proibição da ferramenta no Ceará e que está no centro de uma polêmica envolvendo uma ação no STF (que atualmente está na fase dos embargos de declaração). A seguir, os principais trechos da matéria publicada pelo SINDAG em seu website:

CHAIM: Pesquisas da Embrapa focaram em calibração de deposição

Em 2019, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou uma Nota Técnica destacando a segurança da aviação agrícola no trato de lavouras. O documento também reforçou a necessidade de um debate livre de preconceitos para se estabelecer no País uma política de segurança alimentar e energética.  A Nota destacou ainda os grandes avanços da tecnologia aeroagrícola desde os anos 90, lembrando que, desde os anos 60, trata-se da única ferramenta de aplicação com regulamentação específica, por isso mesmo a mais facilmente fiscalizável.

O documento, assinado pelo pesquisador Paulo Estêvão Cruvinel, teve as assinaturas também do diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e do professor Wellington Pereira Alencar de Carvalho, da Universidade Federal de Lavras (UFLa) e foi resultado do projeto Desenvolvimento da aplicação aérea de agrotóxicos como estratégia de controle de pragas agrícolas de interesse nacional – Redagro. Por sua vez, a maior pesquisa já realizada no Brasil sobre tecnologias aeroagrícolas, ocorrida entre 2013 e 2017 e envolveu seis centros de pesquisa da Embrapa, dez universidades parceiras e duas empresas de tecnologias. Foi, na verdade, a maior pesquisa já realizada no Brasil entre todas as tecnologias de aplicação (incluindo os meios terrestres) envolvendo lavouras no Sul, Centro-Oeste e Sudeste do País.

Porém, antes disso a Embrapa havia feito outras pesquisas envolvendo pulverizações aéreas, com o intuito de aprimorar a ferramenta e capacitar os operadores a tomarem a melhor decisão na hora de escolher e regular a tecnologia embarcada para as aplicações. Trabalho que teve a participação do pesquisador Aldemir Chaim, da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna/SP. Em pesquisas que ocorreram entre 1999 e 2006 e que se tornaram uma das primeiras referências para o aprimoramento da aviação agrícola no Brasil. E que ajudaram na validação do projeto Gotas – Programa de Calibração de Pulverização. Um software que permite analisar amostras de deposição de gotas em cartões de papel sensível à água, utilizados como alvos para ajustes de equipamentos de pulverização agrícola.

Para saber mais sobre esse trabalho, o Sindag foi até o interior paulista, para conversar pessoalmente com Chaim sobre os trabalhos feitos entre 1999 e 2006 e que serviram para validar uma ferramenta de apoio aos operadores, em uma entrevista da qual destacamos as partes principais a seguir:

Quem é o pesquisador Chaim?

Aldemir Chaim, é formado em Jaboticabal, como engenheiro agrônomo (pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Unesp), fez mestrado também lá (sob orientação do professor doutor Tomomassa Matuo, para o Desenvolvimento de um protótipo de pulverizador eletrodinâmico, para o controle de tripes do amendoim).

Como o senhor veio para a Embrapa?

Eu fui convidado entre 1983 e 84 para montar um laboratório na Embrapa que pertencia ao então recém-criado Centro Nacional de Pesquisa em Defensivos Agrícolas. Eu estava em Jaboticabal, fazendo o mestrado, e o doutor Luiz Felipe Fontes (então pesquisador da Embrapa Solos), foi lá com o doutor Tomomassa, buscando um aluno que tivesse capacidade de montar um laboratório de tecnologia de aplicação.

A gente sabe que o senhor trabalhou um pouco com pulverização aérea e seguidamente é citado por isso. O que pode nos contar?

Na realidade, foram apenas 3 trabalhos com pulverização aérea, onde a Embrapa sempre procurou desenvolver uma ferramenta que ajudasse na calibração de deposição. A gente queria melhorar essa forma de calibração.

Nesses trabalhos sobre a aplicação, o senhor é seguidamente citado tanto em artigos técnicos quanto em outros trabalhos acadêmicos, devido a pesquisas sobre pulverização. Especialmente aéreas, ocorridas a partir de 1999…

Foram três trabalhos importantes, que resultaram numa ferramenta de calibração de deposição chamada “Gotas” desenvolvido em conjunto pela Embrapa Meio Ambiente e pela Embrapa Informática, de Campinas/SP.

Como foram esses trabalhos?

Na realidade, no trabalho com pulverização aérea, a Embrapa sempre procurou desenvolver uma ferramenta que ajudasse na calibração de deposição. Nós, por questões de custo, resolvemos usar como alvo o cartão sensível à água. O pessoal tem usado esses cartões para ver quantas gotas que caem por centímetro quadrado. E se fazia a leitura deles, para as calibrações, pegando um microscópio ou uma lupa e contando o número de gatinhas que caíam nesse papel.

Aí, em 1999, em um trabalho com a Conceição (a doutora em Matemática Aplicada Maria Conceição Peres Young), fizemos uma aplicação em Pelotas, onde eu fiz a leitura das gotas com um microscópio. Foram dias contando entre 200 e 300 gotículas em papéis hidrossensíveis. Para depois a Conceição fazer a mesma leitura com o sistema digital e compararmos os resultados. Reduziu em 99,7% o tempo de avaliação dos papéis hidrossensíveis.

Então, na prática foi um estudo para ver se os resultados batiam na contagem analógica e digital. E não para avaliar a pulverização em si…

Isso. O primeiro trabalho de 1999, foi para validar a ferramenta digital.

Apenas para comparar se os resultados da leitura “no olho”, via microscópio, e a avaliação computacional batiam…

Isso mesmo. Segundo o relatório do trabalho, a conclusão foi de que o programa computacional reduziu em 99,47% o tempo da leitura dos cartões.

Em 2006, nós fizemos uma pulverização em condições adequadas de umidade e temperatura, com aplicação na taxa de 32 litros de calda por hectare, usando um bico D8-46, com avião voando a 170 quilômetros por hora e a três metros de altura. Umidade relativa do ar em 70% e com temperatura de 17 graus. Nessa situação, a pulverização deu uma deposição de 22 (litros por hectare), com margem de mais ou menos 9 (litros/ha). Uma taxa de quase 70% de recuperação de deposição. Mostrando que seu usar as condições adequadas temperatura, umidade e tamanho de gota adequado você consegue uma excelente deposição. Essa deposição de 70% pode ser considerada excelente.

A terceira pesquisa – que teve três aplicações por avião em horários e condições meteorológicas diferentes pode ser acessada pelos hiperlinks da matéria integral no site do SINDAG.

Mas quase todos os ensaios de pulverização foram realizados para a gente validar uma ferramenta que a Embrapa estava desenvolvendo para auxiliar a tomada de decisão nas empresas de aviação sobre os requisitos de calibração (do sistema de aplicação embarcado). Ou seja: qual seria a melhor forma de orientação dos bicos, quais os melhores bicos para serem utilizados para ter uma deposição legal, temperatura, vento, todos os parâmetros que influenciam nas pulverizações.

Só para calibração? Essas pesquisas com aviação não poderiam ser usadas, por exemplo, para orientar uma política pública sobre pulverizações aéreas, ou mesmo projetos de proibição?

Ele serve tão somente para orientação de calibração. Ele não é uma análise de resíduo que você possa fazer um uso mais aprofundado. A parte científica da Embrapa (no caso das pesquisas com pulverização aérea para o Gotas) está em fornecer um instrumento de calibração para os agricultores poderem utilizar para melhorar suas pulverizações.

Para a elaboração de uma política pública sobre pulverização, seria necessário dezenas de trabalhos no Brasil inteiro, envolvendo dezenas de especialistas em diferentes especialidades, com análise de resíduos que custa muito caro, mas também com quantidade de amostras que pudessem representar significativamente os resultados.

 Nota do SINDAG: o objetivo focado em aperfeiçoar uma ferramenta de regulagem, e não avaliar risco ou não das ferramentas de aplicação, ficou claro também em ensaios com trator terrestre, que apontaram perdas entre 44% e 88% do produto (no caso, um traçador) aplicado sobre lavouras de tomate e feijão. E com pulverizador manual registrando perdas de 59% a 76% do traçador aplicado em tomate. Além disso, o argumento de que as pesquisas da Embrapa não atestavam risco da aviação também constam na campanha de esclarecimento iniciada pelo SINDAG em agosto –confira os hiperlinks para as fontes originais e o teor integral da entrevista no site do SINDAG, escaneando o QR Code:

 

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