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Essas Inconvenientes Inversões 

Ser piloto agrícola é um desafio, e às vezes parece que a Mãe Natureza está de mal humor, tentando sabotar todos os esforços dos pilotos agrícolas para fazer seu trabalho. Culturas sensíveis próximas à área a ser tratada estão sempre na direção do vento. Sempre que há um surto inesperado de uma praga, os ventos permanecem acima dos limites para aplicação por dias a fio. Aquela linha de instabilidade que estava prevista para amanhã chega hoje e deixa a frota no chão. Nestas situações, a paciência é sem dúvida uma virtude.

Alguns dos truques da Mãe Natureza não são tão óbvios e previsíveis. Um dos mais insidiosos tem a ver com inversões térmicas. Uma das minhas primeiras experiências com esses demônios meteorológicos aconteceu quando eu estava percorrendo uma lavoura de trigo, para avaliar a quantidade de canola ainda presente pelo cultivo do ano anterior. Um AgTruck tratando uma lavoura vizinha realmente me chamou a atenção, dado o quão parado o ar estava.

Havia algumas depressões onde bancos de nevoeiro já tinham começado a se formar, e eu podia ver, de minha posição a menos de 400 metros de distância, que o spray não estava se depositando. Na verdade, ele permanecia suspenso no ar a cerca de 2 metros de altura, como uma névoa branca e fantasmagórica. Mais exatamente, a topografia do local era de um suave declive, da lavoura sendo tratada para um vale próximo, e eu podia ver as gotículas do spray em suspensão flutuando devagar mas sem parar na direção do vale.

Isto nunca é uma boa situação, e ela pode se tornar bem cara quando o defensivo sendo aplicado prejudica alguma cultura sensível. Você não quer ter um incidente de dano por deriva, porque eles podem realmente acabar com o seu lucro, sem mencionar o prejuízo que podem causar para o produtor cuja cultura foi atingida.

O quão ruim pode ficar? Se o produto colhido estiver sendo vendido por R$ 150 a saca, cada saca que não entrar no silo do produtor por causa de dano por deriva (ou outro fator) representa uma perda de receita para o produtor. Se a lavoura produz em média 30 sacas por hectare, cada hectare onde a colheita foi perdida resulta em uma perda de receita de R$ 4.500. Cada 10 hectares resultam em uma perda de R$ 45.000. Em resumo, o prejuízo pode crescer muito rápido.

Como isso pode acontecer? Rápido demais, por um lado. Nesta época atual de equipamentos de grande porte e lavouras igualmente grandes, você precisa estar consciente do dano que culturas vizinhas podem sofrer por deriva fora do alvo.

Vamos pegar, por exemplo, um a AT-802 aplicando herbicida no trigo, ao lado de uma lavoura de canola, com ambos os talhões tendo 3.200 m de comprimento. Com uma faixa de 26 metros, o AT-802 cobre aproximadamente 8 hectares por tiro de 3.200 metros, em 50 segundos. Se uma inversão estiver presente junto com um vento de uma milha por hora, fazendo o spray em suspensão derivar e destruir a mesma área de canola coberta por um único “tiro”, o custo de sua deriva fora do alvo poderá chegar à R$ 4.500/hectare X 8 hectares = R$ 36.000!

Tenha em mente que isso pode ficar ainda pior, dado que gotas finas podem ser transportadas horizontalmente às vezes por quilômetros, antes de se depositar e causar danos em culturas sensíveis.

Indicações de uma Inversão Térmica 

Aqueles que vivem em regiões de montanha ou com terreno dobrado também conhecem as inversões térmicas, nas quais o ar frio desce para vales e outras áreas mais baixas. Andando de carro, em uma estrada descendo para um vale, pode-se sentir o ar ficando mais frio à medida em que se desce. O mesmo ocorre em alguns municípios, como em Los Angeles, onde os poluentes, gases de exaustão de carros e fumaça industrial, ficam retidos no topo da camada de ar frio, produzindo o famoso fenômeno do “smog”.

De acordo com o glossário do National Weather Service (Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA), uma inversão ocorre quando a temperatura do ar entre 2,5 a 3 metros acima do solo é mais alta do que a temperatura do ar entre 15 a 30 cm acima do solo. Se você tiver como medir ambas as temperaturas, você terá um indicador direto da presença ou não da inversão. Lembre-se que quanto maior a diferença de temperatura entre os dois níveis, mais intensa e estável será a inversão

Alguns dos outros indicadores da presença de uma inversão, ou de que ela está se formando são :

  • Vento calmo
  • Próximo do pôr ou do nascer do sol
  • Presença de orvalho
  • Padrões de fumaça horizontais
  • Poeira em suspensão sobre uma estrada após a passagem de um veículo
  • Nevoeiros em áreas baixas

Qualquer um desses sintomas deve alertá-lo para a presença de uma inversão, especialmente os últimos três.

Causas das Inversões

Uma pequena revisão de como as invenções se desenvolvem irá ajudar a lidar com elas. Elas não são raras em aplicações aéreas, e uma das primeiras indicações é quando você começa a pegar gotículas de produto do “tiro” anterior no para-brisa, reduzindo a visibilidade, especialmente ao voar na direção do sol. Ou quando durante o “balão”, você olha para trás e vê a névoa da última passagem flutuando no ar.

Próximo ao pôr do sol, a superfície da terra se resfria rapidamente devido à irradiação térmica. Como resultado direto, o ar próximo ao solo também se resfria rapidamente, resultando em ar mais frio estando por baixo e ar mais quente por cima, o oposto do gradiente térmico normal.

Outra maneira de se verificar a existência de uma inversão é acender um pequeno fogo e observar a fumaça. Se a fumaça fica parada no ar e se move lentamente, sem se dissipar, você tem uma inversão presente e é a hora de colocar o avião no hangar.

Resumindo, os momentos em que você tem maior probabilidade de ter uma inversão térmica são:

  • De manhã cedo, após uma noite de céu claro e com pouco vento.
  • À tardinha, quando uma inversão pode começar a se formar poucas horas antes do pôr do sol.
  • À noite, quando uma inversão já está presente e pode se intensificar durante a noite.

A aviação agrícola não é um serviço fácil. Mas lidar corretamente com inversões térmicas está no nosso controle e pode ajudar em muito na redução ou eliminação de problemas de deriva.

Se há fumaça parada, pare o serviço. Embora seja muito tentador fazer “só mais uma passada”, prejudicar a lavoura que você está tratando porque uma deriva não depositou o produto no alvo é uma coisa. Danificar outras lavouras pela deriva de um produto fitotóxico simplesmente não vale o risco.

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