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Segurança – um Compromisso a Ser Renovado Anualmente

Uma frase típica que ouço de pessoas vendo um avião agrícola trabalhar é: “Parece ser muito excitante!”, ao que eu respondo que você nunca quer que fique excitante, porque isso geralmente significa que você não observou o repetido adágio a respeito de um piloto superior usar julgamento superior para evitar situações que exijam habilidades superiores.

O que você quer é que as operações do dia a dia sejam rotineiras, safra após safra, com aplicações seguras e efetivas sem nenhuma “excitação” desnecessária. Uma parte fundamental da preparação para uma nova safra é a renovação anual do compromisso de colocar a segurança no solo e no ar como a prioridade número um de sua operação.

A questão então se torna, como tornar a safra futura ainda mais segura do que a recém encerrada? Aqui estão algumas sugestões para acrescentar ao seu programa de segurança já existente.

Uma Cultura De Segurança 

Pouco tempo atrás tive a sorte de estar levando o Diretor de Segurança de Voo da Força Aérea do Canadá para um encontro de segurança de voo de alto nível. Conversamos durante a viagem sobre vários assuntos, um deles sendo como tornar a aviação mais segura. Um ponto que realmente me marcou foi quando ele disse, “A segurança não pode ser fruto de regulamentação, ela tem que vir com uma mudança cultural onde a segurança é a prioridade número um.”

Não importa quantas regras você crie, nem o quão sérias sejam as penalidades que você imponha, a segurança tem de estar literalmente enraizada na organização. Para atingir isso você tem que oferecer programas de segurança que se foquem na educação.

Um grande exemplo desta filosofia em ação é o Sistema De Apoio Ao Aplicador Aéreo Profissional, no original em inglês Professional Aerial Applicator Support System (PAASS) da NAAA, a equivalente americana do SINDAG.

Este programa de educação anual cobre assuntos críticos de segurança e questões de mitigação de deriva. O objetivo é reduzir o número de acidentes aeronáuticos e incidentes de deriva associados com operações de aplicação aérea. Ele está disponível através de várias associações de aviação agrícola estaduais e regionais Aproveite ao máximo o PAAS. Você não se arrependerá.

Se você vive no Canadá, dê uma olhada no site da Associação De Aplicadores Aéreos Canadense (Canadian Aerial Applicators Association – CAAA), especialmente o “Learning Centre” – Centro de Aprendizado. Lá você encontrará uma abundância de excelentes materiais promovendo a segurança e a educação para seus membros.

Da Teoria para a Ação 

“O que eu ouço eu esqueço, o que eu vejo eu me lembro e o que eu faço eu entendo”. Este antigo provérbio oriental diz tudo quando se trata de aprendizado. Escutar não é tão efetivo quanto ver, ver não é tão efetivo quanto ter uma experiência, e o autêntico aprendizado surge quando a experiência produz uma Ação.

Aqui está apenas um exemplo: você pode falar sobre o momento cabrador que acompanha o alijamento de uma carga completa. Você pode ver alguém alijar uma carga completa com o respectivo momento cabrador. Ou você pode realmente se educar alijando uma carga completa (de água) em uma altitude segura e experimentar em primeira mão as forças necessárias, na alavanca de alijamento para iniciar esta operação, bem como a rápida e forte pressão necessária no manche para compensar o momento cabrador que ocorre com um alijamento de carga completa.

Dessa forma, se você decidir alijar uma carga durante uma operação real, você estará preparado para reagir a esta ação.

Cheque o Checklist 

Sempre me surpreendo, e me sinto humilde, ao ver o quanto alguém pode esquecer em um tempo relativamente curto. Por exemplo, não se lembrar de todos os drenos que fazem parte de um cheque pré-voo. Da mesma forma, os checklists do Manual de Operações da aeronave sempre ficam meio esquecidos após uma parada prolongada das operações. O mesmo acontece com as várias limitações operacionais contidas no Manual de Operações.

A entressafra é um excelente momento para revisar os checklists do fabricante, especialmente aqueles referentes a itens como pane de motor a baixo altura, onde o tempo de reação é crítico. Cuide de seus checklists e seus checklists cuidarão de você.

Lembre-se do Efeito Dominó 

É fácil tomar decisões corretas quando as operações do dia a dia são rotineiras, mas é quando a situação esquenta e você se encontra frente a uma barragem de problemas vindo juntos –  mau tempo se aproximando, uma súbita infestação de lagartas, uma pane de motor inesperada –  que ocorre um efeito dominó no nível de estresse e na pressão operacional. É justamente aí que precisamos nos manter estritamente dentro dos princípios de segurança operacional.

Você também pode usar este efeito dominó a seu favor. Nossos comportamentos são interconectados, assim quando você muda um comportamento, outros comportamentos tendem a se alterar na mesma  direção. A implementação de uma iniciativa de segurança tende a gerar iniciativas de segurança adicionais.

Fique na sua Zona de Conforto

À medida em que você avança na nova safra, você irá recuperando mais e mais sua proficiência na operação da aeronave, mas nos primeiros dias, fique em sua zona de conforto. Não force a barra quando o tempo estiver ruim. Não opere nos limites de desempenho do avião. Não force a barra com a carga. Se você estiver prestes a decolar, e seu “sentido de aranha” estiver formigando com uma vaga porém forte sensação de algo estar errado, pare um minuto e dê uma reavaliada. Não atire primeiro e pergunte depois. Isso vai gerar para você o tipo de problema que você não quer.

Leia e Discuta Relatórios de Acidentes e Incidentes 

“A causa provável sendo a falha do piloto em manter distância de segurança da –  escolha –  cultura, da torre, da rede, do mato.” Embora estes relatórios sejam geralmente muito duros em sua avaliação de um incidente, eles consistem em cenários de vida real que podem acontecer com qualquer um.  Eles podem ser um excelente recurso para iniciar discussões sobre gerenciamento de risco no ambiente operacional.

Adapte-se e Inove

Desde os dias iniciais da aviação agrícola, quando se usavam “bandeirinhas” humanos para guiar o avião em cada “tiro”, passando pelos lançadores de marcadores até a adoção do GPS, a aviação agrícola sempre foi uma atividade na qual inovação e mudança fazem parte das operações normais. Esteja aberto a novas ideias e inovações operacionais, e faça disso parte de sua renovação anual do compromisso com a segurança. As únicas surpresas que você terá serão as boas surpresas.

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