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Estudo sobre Deriva de Herbicidas Valida Modelos e Fornece Novas Recomendações

Estudo sobre Deriva de Herbicidas Valida Modelos e Fornece Novas Recomendações 

 

Por John Lovett, University of Ark. System Div. of Agriculture

Reproduzido do The Batesville Daily Guard

 

Produtores e pilotos agrícolas podem ser capazes de reduzir a deriva de herbicidas pela realização de ajustes simples, de acordo com um estudo recentemente publicado.

 

O estudo publicado no jornal “Scientific Reports” da Nature no ano passado, foi conduzido para melhor entender o potencial de deriva em aplicações de herbicidas terrestres e aéreas

 

Chamamos de “Deriva”  o que acontece quando o vento carrega uma aplicação de herbicida para fora de seu alvo e causa danos não intencionais a uma cultura próxima. Uma média de 400 denúncias de deriva são feitas a cada ano na Arkansas State Plant Board (Diretoria Vegetal Estadual do Arkansas) desde 2018 no Arkansas, de acordo com Tommy Butts, professor assistente e cientista de extensão em sementes da Divisão de Sistemas de Agricultura da University of Arkansas.

 

“Se pudermos reduzir as queixas anuais de deriva em 50% no Arkansas através de um melhor entendimento do potencial de deriva de aplicação, e usarmos as estratégias de mitigação recomendadas por esta pesquisa, quase dois milhões de dólares poderão ser poupados anualmente pelos produtores e aplicadores do Arkansas”, disse Butts.

Pesquisadores do Arkansas Agricultural Experiment Station, o braço de pesquisas da Divisão de Sistemas de Agricultura da University of Arkansas, conduziram os testes no Centro de Pesquisa e Extensão em Arroz, em Stuttgart, como parte de um estudo para determinar os efeitos da deriva de aplicações terrestres e aéreas em partes da soja que servem de alimento para polinizadores. Embora seja auto-polinizante, a soja oferece nutrição para polinizadores e frequentemente é plantada próximo a lavouras de arroz .

 

O estudo validou os modelos AgDISPersal e AgDRIFT de predição de deriva de herbicida da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, fornecendo recomendações para aplicação aérea de Loyant®. Esse herbicida é frequentemente usado no arroz para controlar gramíneas, juncos e caruru, mas é fitotóxico para a soja.

 

“Validar esses modelos foi uma grande peça do quebra-cabeça”,  disse Butts. “Ao invés de se pensar em proibir a aplicação aérea de herbicidas, sugerimos usar esses modelos da EPA. Eles têm validação prática e fazem sentido. Podemos implementar mais estratégias de mitigação de deriva, podemos fazer melhor, mas não precisamos de uma proibição de aplicações aéreas se pudermos criar maneiras de reduzir a deriva e tivermos modelos nos quais pudermos confiar”.

 

A divisão entre aplicação aérea e terrestre de herbicidas no  Arkansas é praticamente igual, sendo de 51% e 49%, respectivamente..

 

Baseado em suas medições de campo, Butts disse que os modelos de simulação em computador AgDISPersal “se saíram muito bem” ao prever a deriva em aplicações aéreas. Os resultados do modelo AgDRIFT funcionam melhor com dados obtidos de aplicações terrestres, ele acrescentou. O AgDRIFT é uma versão modificada de AgDISPersal que serve como modelo de triagem inicial para a estimativa da deriva pelo vento. O modelo AgDISPersal aceita uma entrada de dados mais detalhados e é um modelo de maior nível de simulação de pulverizações aéreas e terrestres, observou Butts.

 

Os resultados da pesquisa indicaram que as aplicações aéreas tiveram um aumento de deriva de três a cinco vezes quando comparado com aplicações terrestres, em todos os dados coletados

 

“Severas reduções na formação de folhas, flores e vagens de soja foram observadas por conta de deriva tanto de aplicações terrestres como aéreas, indicando que a soja é extremamente sensível ao  Loyant®, e métodos de mitigação da deriva precisam ser implementados para ambos os tipos de aplicação quando se usa este herbicida”, escreveu Butts.

 

Os pesquisadores descobriram que estruturas reprodutivas da soja foram reduzidas em até 25% em uma distância de até 30 metros na direção do vento, a partir do ponto de uma aplicação terrestre. A deriva de aplicação aérea danificou quase 100% das estruturas reprodutivas de soja a 60 metros na direção do vento.

 

“Quando se considera que é um avião voando a 160 milhas por hora e a 5 metros acima do chão, esse não é um mau resultado, e ocorreu com a eliminação de apenas um ‘tiro’ na direção do vento”, disse Butts.

 

A faixa é a área-alvo que é efetivamente coberta pela pulverização. A eliminação de uma faixa na borda da lavoura cria uma zona de segurança entre a lavoura e uma área sensível à deriva, explicou Butts. O produtor pode tratar a área não pulverizada pelo avião com um método terrestre para reduzir o risco de deriva, ou voltar com a aplicação aérea em um dia no qual a direção do vento seja diferente.

 

Butts disse que pesquisas anteriores em deriva de pulverização indicavam deposição de deriva em distâncias maiores. Porém, resultados tanto entre estudos de pulverização terrestre como aérea variam dependendo do tamanho da gota e outros fatores, tais como velocidade do vento, temperatura e umidade.

 

O tamanho das gotas geradas pelo sistema de pulverização é um fator significativo na deriva da pulverização. Quanto menor o tamanho da gota, maior o potencial para a deriva de herbicida, disse Butts.

 

Recomendações

 

Baseado em sua pesquisa, Butts e os outros co-autores do estudo recomendam que as aplicações aéreas usem gotas de tamanho grande e deixem de três a cinco faixas completas da lavoura sem pulverização, na direção do vento, para reduzir o potencial de deriva da pulverização.

 

Os esforços de mitigação de deriva para ambos os métodos de aplicação também podem incluir adjuvantes para redução de deriva, redução na altura das barras e do voo, e limitar a aplicação para quando a direção do vento for mais favorável, soprando em direção oposta às áreas sensíveis, observaram os pesquisadores.

 

Para as aplicações terrestres, os pesquisadores usaram um trator Case 5550 AimPoint com um barra de 30 metros, posicionada a um metro acima do solo, rodando a 20 milhas por hora na área de teste. Para as aplicações aéreas, eles usaram um AirTractor 802A com largura de faixa de 22 metros. O avião voou a uma média de 5 metros acima do solo com uma velocidade média de 145 mph. Para ambos os métodos de aplicação, foram efetuadas dez passagens, com um vento de através médio de 8 milhas por hora.

 

Os impactos da deriva de herbicida foram medidos pelo uso de cartões hidrossensíveis e pela avaliação dos efeitos do herbicida nas estruturas reprodutivas da soja. O estudo observou que pesquisas futuras deverão investigar o potencial de exposições repetidas, e identificar a influência de herbicidas adicionais em outras plantas, para desenvolver um banco de dados de impactos potenciais em estruturas vegetais que servem de alimento para polinizadores.

 

O trabalho dos pesquisadores foi publicado no jornal “Scientific Reports” da Nature em outubro de 2022 com o título: Deriva de spray de herbicida de aplicações terrestres e aéreas: implicações para fontes de alimentação potencial de polinizadores.

 

O financiamento para esta pesquisa foi fornecido pelo Serviço de Pesquisa Agrícola do USDA (o Ministério da Agricultura americano). Apoio adicional foi fornecido por fundos da Arkansas Soybean Promotion Board (Diretoria de Promoção da Soja do Arkansas). Os autores também expressaram agradecimentos pelo apoio à pesquisa fornecido pela Tri-County Farmers Associates e por Cole Hartley, da Hartley Flying Service.

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