Às vezes, são incríveis as mudanças que podem acontecer em trinta anos. Na aviação agrícola, fizeram-se muitas e significativas mudanças. Não é comum se pensar em evoluir de três ultraleves para uma exitosa empresa operando quatro Ipanemas EMB-202. Porém, é exatamente isso que aconteceu com a Ultraer Aeroagrícola!
Localizada em Leme, a Ultraer é operada por seus proprietários, o casal Marcelo H. Porto e Nicole D. Porto. Marcelo não voa agrícola, mas gerencia a empresa. Tudo começou em 1992, quando Marcelo e seu irmão, Jorge, compraram um ultraleve para voar por hobby. Cerca de um ano depois, os irmãos compraram um sistema agrícola para instalar em seu ultraleve. No início, Jorge pilotava e Marcelo cuidava das tarefas no solo. Eles acabaram por comprar mais um ultraleve, então em 1996 Jorge veio a falecer. Marcelo manteve o negócio funcionando, embora ele não voasse agrícola. Em 1999, Marcelo tinha três ultraleves trabalhando, aos quais adicionou um Pawnee Brave.
Naquele mesmo ano, Marcelo criou uma nova empresa e a chamou de Porto Aero Agrícola. Em 2003, Marcelo trouxe um amigo como sócio com 10%, junto com um sócio investidor com 40%, Marcelo mantendo propriedade de 50%, onde nesse mesmo ano o nome da empresa foi mudado para Ultraer Aeroagrícola e um EMB-201 foi acrescentado à frota.
Marcelo, dando-se conta das limitações dos três ultraleves, vendeu e substituiu os três por um Pawnee 235 HP e um Pawnee 260 HP em 2004. Assim, a frota da Ultraer passou a ser composta por dois Pawnees, um Brave e um EMB-201.
Marcelo e seu amigo sócio compraram do sócio investidor os 40% dele, e dividiram a propriedade da empresa entre eles, com Marcelo tendo 75% e seu amigo 25%. Em 2006, eles acrescentaram um segundo Ipanema à frota. Sua frota permaneceu a mesma pelos cinco anos seguintes, quando então acrescentaram três EMB-202 novos. Em meados de 2019, a empresa foi dividida e Marcelo ficou com seu nome, os quatro EMB-202.
Este arranjo, com Marcelo e Nicole como donos da Ultraer, funciona bem e hoje, a Ultraer opera quatro Ipanemas EMB-202, com quatro pilotos. A safra 2021-2022 foi muito boa para a Ultraer. Felizmente, Marcelo tem um bom relacionamento profissional com outras empresas aeroagrícolas, as quais enviam seus aviões agrícolas para ajudar no pico da safra. Marcelo comentou, “Quando empresas competem uma contra a outra, ambas estão perdendo”.
Em 2014, a Ultraer tinha um único cliente de plantações de cana que exigiam oito aviões com seus pilotos para tratá-las. Em 2015, este cliente insistiu que se mantivessem nas aplicações os preços do ano anterior, apesar dos custos operacionais da Ultraer terem aumentado. Marcelo manteve os preços de 2014 em 2015. Ele começou a diversificar sua base de clientes, o que concluiu ser melhor.
Cerca de 90% das aplicações da Ultraer são na cana-de-açúcar, com os restantes 10% sendo em eucalipto, laranja, milho, soja e algodão. Nos anos anteriores, o volume típico das aplicações da Ultraer era de 30 litros por hectare. Na safra passada, Marcelo introduziu o volume de 20 lts/ha, o qual funcionou tão bem quanto o de 30 lts/ha. Ele ajustou o preço para as aplicações de 20 lts/ha, mas deu aos clientes a escolha da vazão de sua preferência.
Os quatro Ipanemas estão equipados com bicos de jato leque, exceto para os chamados de um cliente que pede que seja usado o Sistema de Pulverização Eletrostático. Com o sistema eletrostático é possível usar volumes de 3 a 10 lts/ha. Devido à vazão mais baixa, este cliente paga um preço menor.
Aplicações de sólidos também são realizadas no eucalipto, e às vezes na cana-de-açúcar.
Não é comum encontrar uma empresa como a Ultraer, que começou 30 anos atrás com ultraleves e prospera até hoje, tendo evoluído para Ipanemas. Os ultraleves serviram seu propósito, permitindo a Marcelo e Nicole criar uma aeroagrícola viável, por crescimento e expansão. Embora tenham sido muitos anos de trabalho duro e com as contribuições de muita gente trabalhando na empresa, o tempo trouxe suas recompensas ao casal.